Goulart
Quando o coração declama
Quero cantar uma canção
Junto a você posso me inspirar,
Amor, esta melodia vem do coração
E nestas palavras estou a te confessar!
É que antes, eu um revoltado
Egoísta fui comigo então,
Jurei jamais deixar que alguém
Tirasse me dá solidão.
E veio você com este sorriso
Com um olhar terno, e intimidador
Que rompeu em mim, todos os escudos
Me mostrando o que é o Amor!
Eu te amo, noite e dia
Minha princesa linda
Do meu mundo encantado,
Com você, sinto me um príncipe
Que um dia fora um sapo enfeitiçado!
Uma espécie diferente
Pobre ser humano
Arrogante e prepotente,
Se auto nomeia
Uma espécie diferente.
Espécie esta, vista
Superior às demais,
Dotada de inteligência
Os tais seres "racionais".
Não há outro ser vivo
Á altura, suficiente,
Que seja evoluído
Mais que o bicho "gente".
Este último é mais esperto
E tem muitas habilidades,
Mudando o mundo
Com as suas criatividades.
Possuem um grande tesouro
O domínio do conhecimento,
E por meio deste desenvolvem
Os mais fascinantes inventos.
Mas eis que infelizmente
Por se acharem soberanos,
Distorceram o sentido natural
De serem "humanos".
E consequências surgiram
Em um rastro de destruição,
Levando este animal
A sua própria perdição.
Se antes havia sentimentos
Como a caridade e compaixão,
Agora só há um abismo
Em seu rígido coração.
O cultivo da paz já cessou
É de ignorância e ódio, a plantação,
Dane-se o amor!
Dane-se a emoção!
Mas tudo isso se deve
Ao sempre querer ter,
A sede insaciável
Pelo disputado poder.
E se entre o homem e o animal
Ser racional é o que compensa,
Diante das atitudes do tal
Qual é mesmo a diferença?
A pista
E é assim,
Com a alma de equilibrista
Que driblamos os obstáculos,
Que querem nos tirar da pista.
Pista de valor muito alto
Que na sua construção,
Usou de matérias primas
Sonhos, luta e dedicação.
Pista onde se dança
Com a batida de momentos,
Onde o ritmo é criado
Com a essência do sentimento.
É certo que às vezes chove
E a pista fica danificada,
Coberta de fissuras
Provocando uma derrapada.
Derrapada que traz a dor
O desespero, a aflição,
Mas que também contribui
Para o surgimento da solução.
A solução é o cimento
O reparo da pista,
É o que mostra a nós
Que é possível a conquista.
E se não tem solução
Não há porque se abalar,
Afinal, a pista é movimentada
E sempre tem alguém para ajudar.
E quando a chuva passar
A esperança irá surgir,
Com fé continuamos a batalhar
E a nossa viagem seguir.
Aproveite bem a viagem
Use os olhos e o coração,
Pois a pista é só de ida,
Mas o regresso, é só na recordação.
O destino é um mero rascunho
De um roteiro, que insistimos alterar,
E com base nele nos reinventamos
Fazendo a viagem, interessante ficar.
A vida pode ter várias representações
A que citei, foi uma pista,
E sobre ela tomei como definição
Que viver é um ponto de vista.
Um apelo ao despertar
Sabe, olhando ao meu redor
Com os olhos á observar,
Comecei desde então
A vida humana contemplar.
E na perspectiva
De um mero observador,
Tentei ao máximo entender
Por trás das pessoas, o seu valor.
Neste mundo tão moderno
Com um universo de invenções,
Eis que com ele foram se modernizando
Até mesmo os corações.
Estes, antes animado
Batia com todo o vigor,
Não bombeava só o sangue
Mas fazia pulsar o amor.
As mãos simples e serenas
Tinha uma grande importância,
Transmitir a força do afeto
Sem nenhuma relutância.
Bocas vivas e alegres
Sorrisos e risos, lançavam no ar,
Para exaltar a ironia?
Não, para os tristes olhos confortar.
E o corpo, independente
Orgânico e bem planejado,
Para ser máquina de extermínio?
Antes, para a "vida", este fora criado.
Vida bela, de inestimável valor
Conservada era por eles então,
Eis que trocada foi
Pela demência da perdição.
Perdição, que mata o íntimo
Do espírito e da razão,
Onde nestes faz germinar
Uma nefasta pretensão.
Corroer, surrupiar
A racional mente sã,
Encarcerando-a na tristeza
Que perdurar, irá pela manhã.
Como um vírus perigoso
Se aloja bem no ego,
E o indivíduo? É marionete!
Controlado, e espiritualmente cego.
O resto já sabemos
Infelizes exemplos estão a nos rodear,
Acontecimentos assombrosos
Fruto de uma alma que ao vírus, se deixou infectar.
Realmente o que desejo
Não é fácil conseguir,
Mas vou na utopia
De acreditar que o ser humano, está a se evoluir.
Porém, que DNA é esse
Desta curiosa evolução,
Apegada em vaidade
E inclinada à corrupção?
Triste sim, é ver
Almas nascer na inocência,
Mal sabem o que os espera
Deus proteja nestes, a consciência.
E em um ciclo vicioso
De muitos erros, e negligência,
Vemos a ascensão de uma geração
Já em sua decadência.
Decadência da moral
Do respeito, e do amor,
Onde se aos velhos, estes era doutrinado
Hoje não há mais tanto valor.
Valor mesmo é o "moderno"
O novo jeito de ser,
Vangloriar a aparência
Deixando a alma padecer.
Isolados em um casulo
Desses de borboletas, a originar?
Que pena, mas nesta metamorfose
Não há beleza a se contemplar!
Assim, que ainda dê tempo
Humanos! Busquem a se conhecer,
E resgate no seu espírito
O verdadeiro sentido de "viver"!
O abismo entre a sabedoria e a compreensão
Tentam entender muita coisa
E pela experimentação,
Ditam como verdade absoluta
E a esta não abrem mão.
Ora, quanta ironia
Tudo que então fora criado,
Surgiu do conceito filosófico
Que por alguém, pensativo,
Em sua mente encontrou
Um esboço de um significado.
É claro que existe o saber primitivo
Parte do instinto natural de um ser,
Que orienta este em sua sobrevivência
Fazendo-o de fato, viver.
Mas então, sendo o intelecto
Da raça humana, um diferencial
Causa nesta, uma inquietação
De perguntar para si mesma
Quem sou eu afinal?
E eis que nesta indagação
O ser humano evoluiu,
Conquistando o conhecimento
Onde por ele também
Muita coisa construiu.
Porém, antes, os homens
Buscavam o sábio saber
Mantendo sempre o limite
O necessário para sobreviver.
Agora tenho a impressão
Que a linha antes demarcada,
Foi pela humanidade astuta
Rapidamente ultrapassada.
E cada vez é possível
Sem muito esforço encontrar
Tentativas intensas de compreender
O que para além do limite humano
Este está a se questionar.
Torna-se então uma tormenta
Uma sede por respostas explicativas,
E surge a ciência, senhora da sabedoria
Para levar ao mundo, esperanças assertivas.
Logo, o conhecimento
Outrora, visto como uma necessidade,
Se torna também um capricho
Para o humano que busca
Entender sua identidade.
Assim, nesta ganância
De compreender e buscar,
Os rebeldes dos animais
Começam suas próprias opiniões formar.
De experimentos, a ferramentas
E aparatos de medições,
Tentam se, afirmar nestes
O resultado de suas indagações!
O interessante de tudo isso
São que as respostas encontradas,
Se tornam sedimentos
De montanhas de conhecimentos formadas.
A partir de então, o saber segue
Baseado nas percepções,
Dos últimos sábios crentes
Da certeza de suas conclusões.
Assim, sinto de nós pena
Nesta luta de se encontrar,
Onde acabamos cada vez mais
Em mar de dúvidas afogar.
Tranquilo, estão os outros animais
Quem passam a vida, tentando sobreviver,
O objetivo mais inteligente
Que mesmo sendo irracionais
Estes conseguem compreender.
Se há motivo para a exaltação
Por sermos os únicos animais pensantes,
Tal característica só reforça para nós
O quanto somos ignorantes!
Pois não importa quanto tempo
A raça humana irá durar,
Se esta não tiver humildade
Para um fato poder aceitar.
O conhecimento é apenas um alívio
Da ferida de dúvidas que nos cercam,
Sendo um bálsamo que tira a dor
Da incerteza infinita que nos afetam.
E quanto mais pensarmos
Que tudo já entendemos,
Mais estaremos longe
Do que realmente sabemos.
Assim, bom seria
Se todos pudessem enxergar,
Que o problema de nossa raça
Frente a todos os outros animais
É a capacidade de poder pensar.
Além de nós
Falavam desde muito tempo
Que é complicado o coração
Às vezes forte!
Outra hora, fraco
Oscilando sempre a sua pulsação.
Pois na verdade a carne é fraca
Sempre correndo o risco de perecer
De fome, frio, e enfermidade
Até a vida, mais cor não ter.
E nem por isso é que então
Não vale o tempo aproveitar
Além da carne, somos alma
Dispostas ao amor compartilhar.
Imagino que esta seja
Um ser muito especial
Verdadeira criação de Deus
O nosso lado espiritual.
Porém, de alguma forma
Ao nosso corpo, conectada está
Recebendo assim tudo
O que por nós venha a passar.
Talvez seja então por isso
Que quando há um forte sentimento
É só apenas a alma
Tentando obter o seu alimento.
Alimento, que é a vivência
A forma de nós agirmos,
Então aí devemos ter cuidado.
Para a alma não afligirmos
O desafio fica então
De nosso corpo controlar,
Cultivando o bem
E o amor sempre plantar.
Pois no final o que resta
É apenas o escurecer
Assim, desprendendo-se da carne
Lá vai a alma eternamente viver!
A utopia de amar
Olhos nos olhos
Na busca por intimidar
Tentando descobrir os segredos
Guardados em seu olhar.
É como um jogo divertido
Onde a meta vem da expectativa
De ver no outro o impacto
Causado por sua ação viva.
Ação que induz a reação
Dos corpos ali envolvidos
Em cada gesto, suave ou intenso
Criando fragmentos de momentos
Jamais esquecidos.
E nesta jogada então
Vale este olhar penetrante
Tão vivo, e ameaçador
Fazendo da minha respiração mais ofegante.
Mas logo em seguida
Como um golpe certeiro e fatal
Contemplo a suas mãos doce e macias
Me acariciando de forma tal.
Tal que causa inquietação
Me subindo na alma o desejo
O corpo já é refém do seu toque
E minha boca em súplicas
Implora o seu beijo.
Parece mágica poderosa
O contato dos teus lábios quentes
E provocando meu juízo já atormentado
Com pensamentos ardentes.
Vejo e não acredito
Que você está comigo
Posso sentir o cheiro dos teus cabelos
Posso encontrar em ti o meu abrigo.
Peço meu amor que não tenha pena
Ama-me sem pudor
Faça com que a minha carência
Se desfaleça de tanta dor.
Mate-a com suas armas
Amarre-me em seu coração
E me leve nesta correnteza
Que é a sua sedução.
Ensine-me a dança do amor
Nas profundezas de sua intensidade
Despindo a tristeza da minha alma
E mostrando a esta a felicidade.
Aqueça-me em seu corpo
E que nos entreguemos ao amor
Onde as carícias, e a intimidade do toque
Possa uma canção compor.
Que vá além da conexão dos corpos
Mas que atinja também
O nosso interior
Fazendo a alma revigorar
E encontrar no afeto o calor.
Dona, eu ainda espero
Que um dia possa te encontrar
Até lá sigo guardando sempre comigo
Esta vontade que sinto de te amar.
A resistência
Na terra da esperança
A fraqueza se evoluiu,
Buscou em seu cerne, a força
E então o medo se sucumbiu.
O passado é de experiência
Mesmo que trazendo a dor,
Tece as fibras da resistência
Que se emaranham no interior.
Passa os dias diante dos olhos
Começa então a se acostumar,
E a ferida que a muito tempo sangra
Seu escárnio já não parece mais impactar.
Uns dirão que é cicatriz
O ciclo da cura do ferimento,
Porém, fecha se este e outros abrem
Trazendo a dor em algum momento
E o vem e vai da recuperação
Permite então, respirar,
Juntando fragmentos de compreensão
Que um alívio passa a experimentar.
É que em uma convicção final
Na vida, estilhaços estão sempre a nos atacar,
Assim, talvez a maior defesa não seja a cicatrização
Mas a corajosa capacidade de suportar!
Por que eu não falei das flores?
Por que eu não falei das flores?
Que na primavera desabrocharam
Com cores incríveis, e aroma doce
E muitas abelhas aproveitaram.
Por que eu não falei das flores?
Azul, lilás, amarela ...
Multicores que logo seduz
Aos olhos, um arsenal de aquarela.
Por que eu não falei das flores?
Verdadeira companhia da alma,
Que resgata a infância, numa nostalgia
Embalando a consciência, já calma.
Por que eu não falei das flores?
Já é findada a estação,
Primavera! O seu retorno aguardo
Fazendo do pesar, a minha canção!
O ciclo do reforço
No mundo dos afetos
É preciso reforçar,
Com um gesto de carinho
Faça das palavras ditas
Um sentido a significar.
Pois balbuciar frases
Leva-o a monotonia acometer,
Assim logo em um espaço de tempo
Pode o coração a um fiel sentimento perder.
Do ciclo da vida fazemos parte
Necessitamos de ritmo em nossa pulsação,
Não precisa de muito...
Apenas um caloroso abraço
Que revigore as batidas
De nosso coração!
O menino que sonhava acordado
Eu conheci um menino,
Alegre e de bom coração
Que gostava de viver em um mundo,
Fruto da sua imaginação.
No seu mundo, ele moldava
Usando a sua percepção,
Fragmentos da realidade
Segundo a sua própria interpretação.
Poderia ficar dias,
Neste universo a admirar
Só bastava imergir,
E nas águas dos sonhos mergulhar.
Isto não lhe custava nada
Dinheiro não era o investimento,
O valor mesmo imposto
Era apenas o momento.
O momento que apesar de regido
E pelo tempo controlado,
Era para este menino
Como se tudo tivesse parado.
Tudo menos a sua mente,
Que trabalhava a todo o instante
Tingindo de infinitas dimensões,
A ilusão desta viagem alucinante!
Todavia, ele sabia
Sabiamente separar,
O seu mundo imaginário
Da sua vida que estava a trilhar.
E mesmo assim não se importava,
Que o que construiu não existia
Afinal era este detalhe,
Que tanto o alegrava e o envolvia.
Ah como era bom a liberdade
Com que o seu mundo criava,
Era como um talentoso pintor
Que sobre uma tela, a tinta deslizava.
E depois de pronto a pintura
Vale a pena olhar,
As minúcias desta tela
Que tantos detalhes tem, para contemplar.
Mas se tem um defeito,
Nesta tela pintada
O que poderá ser feito,
Para arrumar esta empreitada?
É daí que vem a magia
Deste menino a imaginar,
No mundo da imaginação
Tudo pode se alterar.
Não há limite, e nem obstáculos
Nos sonhos construídos,
Pois tudo que o compõe
Foi por ele definido.
E assim se passou muitos anos,
Com este tesouro escondido
Vivo na mente e no coração,
Deste garoto querido.
Mas com o avançar do tempo,
Chegou a maturidade,
Que descobriu o tesouro
E entendeu a sua finalidade.
E depois disso tratou
De acabar com a tal riqueza,
Escondendo o, em um vazio
Trazendo ao menino, a tristeza.
Desde então este pequeno,
Passou a se acostumar
Ser pobre de fantasia,
E não conseguir mais sonhar.
Porém, certo dia
Já estando adulto então,
Sentiu na alma algo diferente
Uma espécie de emoção.
Pois esteve a lembrar,
Dos bons tempos que passou
Ao lado do seu tesouro,
O mundo que quando criança sonhou.
Ele não tem um mapa,
Para esta riqueza reencontrar
Apenas guardou as recordações,
Dos momentos que esteve a viajar.
Assim conseguiu entender,
Que não importa o tempo que passar
O que é bom permanece guardado,
E em nós sempre vai estar.
E para que nunca se perca
Esta lembrança a embalar,
O menino teceu nestas entrelinhas
Esta essência a se eternizar.
Transformação
Para que tanta guerra?
E tempestades de destruição,
Se os motivos, no final
São sempre em vão.
Para que tanto ódio?
Contra o próximo sentir,
Onde não há diálogo
Para um consenso surgir.
Para que tanto preconceito?
Respaldado em razão,
Razão esta, que não sustenta
A sua própria definição.
Para que tanta ganância?
Da sede insaciável pelo poder,
A ponto, de extinguir
O lado "humano" de ser.
Para que tanta inveja?
Rodeada de tanto rancor,
Que ignora as consequências,
Causadas por seu dissabor.
Para que tanta desunião?
E exaltação da individualidade,
Fazendo do egoísmo
A sua maior vaidade.
E todas estas indagações
Infelizmente é uma verdade,
Infiltrada nas ações
De toda a humanidade.
Afinal é muito cômodo
O erro do próximo apontar,
Difícil mesmo é o contrário
Os seus erros enxergar.
E começa neste acaso
Os conflitos e a intolerância,
Que sempre por trás carregam
A amarga ignorância.
Mas pense agora um instante
Há ainda uma solução,
Uma simples e poderosa palavra
A "transformação".
A transformação interior
Dos sentimentos e da razão,
Buscando o entendimento
E também a compreensão.
Não precisa de guerra
E as mãos de sangue, sujar
Às vezes uma simples conversa
Pode tudo acertar.
Que se cultive o amor ao próximo
E que cresça os laços de união,
Pois aos olhos de Deus
Somos todos irmãos.
E que pai que fica contente
Vendo seus filhos brigarem,
Quando na verdade deveriam
O amor e a paz compartilharem?
Que tenhamos mais caridade
De ao próximo ajudar,
Pois todo bem que fazemos
Um dia a nós irá voltar.
De que adianta guardar riquezas
E maravilhas materiais?
Um dia partiremos deste mundo,
E destas coisas levaremos, quais?
O que levamos desta vida
É a nossa experiência,
As lembranças, os sentimentos
A esculpida vivência.
E o que deixamos na vida
Além das pessoas que amamos,
É o resultado de nossas ações
Enquanto aqui moramos.
Assim, reflita um instante
Deixo aqui uma pergunta no ar,
Ao decolar do aeroporto da vida
O que pretende deixar?
Sintomas de uma reflexão
Vejo
A alegria reprimida
De uma criança sozinha
Caminhando pela rua vazia.
Vejo
A alegria mascarada
De jovens que furtam e corre
Comemorando o feito em disparada.
Vejo
A infância já doente
Que usa de um esforço muito grande
Para uma criança inspirar.
Vejo
O Carpe Diem exaltado
Pela geração jovem que insiste
Fazer deste um conceito errado.
Vejo
A perspectiva da nação
Mergulhada em ira, e desespero
Regida pela ganância e a corrupção.
Vejo
Corações humanos sofrendo
Que buscam conforto na fé
Para então continuar vivendo.
Vejo
A fé sinônimo de esperança
Sendo usada para arrancar
Das pessoas a sua confiança.
Vejo
Deus cada vez mais presente
Na boca de muitos especializados
Cuja humildade já está ausente.
Vejo
O jogo que o homem a vida impôs
Mas não quero acreditar!
Pois neste o vencedor
É aquele cujo a humanidade,
Está disposto a matar!
Desabafo
E pela noite escura
Deitado em minha cama,
Sinto meu corpo queimar
Ardendo em labaredas e chama.
Quanto ao espírito?
Cansado da paciência,
De esperar na prisão do tempo
Pelo fim da sufocante carência.
Esta embala os meus sonhos
E neles tecem sem parar,
Os desejos mais intensos
De sentir e tocar.
Cansei de sempre ficar
Sendo um mero observador,
Contemplando os casais
E tentando entender o amor.
Escravo da razão
Que ao meu coração cegou,
Tirando lhe da vista, a emoção
Que este nunca mais contemplou.
Almejo a liberdade
De poder me entregar,
A tão esperada experiência
De alguém poder amar.
Já vejo em minha frente
Pairando sobre o ar,
A Dona, encantadora
Que para mim, está a olhar.
Oh Dona! Como és tão bela
Quanto brilho em seu olhar,
Deles saltam reflexos
Que fazem a mim intimidar.
Teus cabelos, lisos e soltos
Que por seus ombros estão a descer,
Como uma droga, o seus aromas exalam
Fazendo me entorpecer.
E o vestido vermelho?
Te destacando a todo instante,
Te tornando ainda mais bela
Mais até, que um diamante!
Então, a ti faço um apelo
Pode tu me ajudar?
Me envolve, em teus braços
E faça os meus sonhos concretizar.
Assim, que o sentir e o toque
Possa ser apenas um complemento,
Deste cântico de amor
O nosso precioso momento.
Que a conexão de nossas almas
Se resulte nas explicações,
Das batidas frenéticas
De nossos corações.
Faça me sentir sem graça
Renda-me se for preciso,
Com a sua poderosa armadura
O amanhecer do seu sorriso.
Então, que as emoções
À nós, tenhamos compreensão,
Onde para mim o significado
É construído com a carícia de sua mão.
Dona de mim, não esqueça
Do que agora vou te falar,
És o meu sonho duradouro
Que a solidão, me fez um dia elaborar.
A consciência do saber
E a cada dia uma nova descoberta
Seguida de uma invenção,
A justificativa? É em nome do progresso
Levando a sociedade humana, à evolução.
O saber é sublime
Um fruto do conhecimento,
Mas também se torna fel
Quando a curiosidade,
Não busca o discernimento.
Uma coisa é agir
Em prol de uma solução,
Para o bem estar coletivo
Zelando assim pela proteção.
Agora, outra é usar
Do capricho da ignorância,
E buscar no berço da ciência
Propósitos sombrios em abundância.
Nesta vida há um limite pra tudo
Mas sendo infinito o conhecimento,
É necessário assim aplicá-lo
De maneira equilibrada,
Medindo-o a todo momento.
Se fosse então perguntado
Qual o limite para o saber?
Este parte do princípio
De ao próximo,
O mal nunca arremeter!
Pois é sempre bom lembrar
Que o conhecimento é como a eternidade,
Onde cabe a nós compreender
Que não há como obtê-lo tudo,
Se tempo nos falta, quanto mais a humildade!
A inspiração de um universo de sentimentos
O menino que esperou bastante
E até chegou a se lamentar:
Será que um dia terei
Alguém, que possa finalmente
Meu coração acalmar?
Alguém que perceba em mim
As inquietações da alma,
E que quando ao me olhar
A esta então acalma.
Alguém, que ao meu corpo liberte
Surpreendendo me com a sua mão,
Fazendo com que o meu coração esquente
Ao aumentar a sua pulsação.
Alguém, que esteja presente
Mesmo quando a distância é real,
E cuja imagem, presa em minha mente
Faz da saudade, um sentimento banal.
Alguém, que faça renascer
A vontade em mim de viver
Tecendo sonhos, e objetivos,
Para que as boas realizações
Em um futuro possa colher.
Alguém, que me leve a indagar
Durante um abraço apertado,
Por quê é que demorei tanto
Para então ter te encontrado?
Alguém, que mesmo sem auréola
Me faça sempre duvidar
E agradecendo a Deus pelo presente,
Um anjo que em minha vida
Veio a pairar.
Alguém, que já não é imaginação
Existe, e a mim se revelou,
É melhor do que qualquer criação
Que minha mente elaborou.
Encontrei a minha Dona!
Assim posso falar,
Não há nada melhor na vida
Dê ao amor aproximar.
Ele é acolhedor
E te faz compreender,
Que o sentido de sua existência
É cultivá-lo com prazer.
Então, a partir de agora
Vou assim sempre praticar
O plantio deste sentimento,
Que em meu coração
Nunca deixarei faltar.
A plantação será extensa
E devido a superprodução,
Não caberá tudo em minha alma
Mas já encontrei uma solução.
Compartilharei com minha Dona
O lucro desta boa produtividade,
O meu amor puro, e saudável
Regado com ternura, carinho e reciprocidade.
Caberá então a ela
Deste resultado decidir,
Aceitar a minha proposta
E do meu amor usufruir.
E tomara, que assim gostando
Deste produto de valor,
Ela possa também cultivá-lo
Em sua lavoura do amor.
Quem sabe um dia desses
Posso me surpreender,
E então da minha Dona
O seu amor receber?
Este poema pode parecer uma história
Ou uma fonte de inspiração,
Mas saiba leitor, que em sua essência
Está intrínseca do autor,
A emoção!
E para terminar estes versos
Peço desculpas,
Por levar as estrofes a exaustão,
Nelas deixei apenas uma ínfima parte
Do desabafo deste autor, em sua criação!
Antagonistas
Tantas vozes, muitos rumores. Línguas dançando em um ritmo descompassado. Era tanta opinião marcante, que tornava difícil entender a cadência da universalidade do som.
E depois de tudo dito, ainda faltou compreensão! Atônito, senti o peso do silêncio em meus lábios cerrados, enquanto parecia escutar o eco de palavras no ar.
Infelizmente, os dois antagonistas por exercerem tamanha força, acabaram por se anularem entre si. Impensável casamento prematuro e trágico, nem pra deixar de lembrança um sentido ...
Em uma só voz
Em uma só voz todos clamam, alguns reclamam, outros se calam. Em todas as vozes, é difícil decidir, quem e quantos ouvir para então a igualdade lançar. Faz se então estratégia de amostragem, doutrinam que segmentar em grupo é vantagem, uma representação de opinião. Mas para funcionar tal técnica é preciso, fazer de muitos somente alguns juízos, com alguém que tenha persuasão. Pois parecendo justo para o senso comum, para quê refletir que de um todo para um, haverá na individualidade, total insatisfação?
O complexo da simplicidade
Há quem diga que a simplicidade é uma mesmice: transparente em sua essência e facilmente reconhecida em seu sentido. Assim, ela está em toda a natureza do que contém vida, simbolizando o mistério tão desvendado pelos homens, que ao chegar no final de inúmeras conclusões, esta ainda se torna sem solução.
Não é o fato de compreender o que é simples, mas apenas saber apreciar este mesmo. A partir do momento em que há a busca pelo entendimento, a simplicidade perde o seu conceito, e se transforma em indagações. Esta abre porta, para a ascensão do ego e da razão, tirando do espírito o poder do sentimento.
Pois buscar as respostas para que os nossos olhos já comtemplam, extingue toda a beleza do mistério envolvido, e então passamos a provar o gosto da pós ignorância: cega-se os olhos do coração, e abre-se a visão do intelecto. E aqui, neste momento, surge uma reflexão: “a simplicidade é de uma pureza que não requer explicação, e para os que discordam desta afirmativa, alienam-se na complexidade, vivendo na sombra de uma iludida e infinita solução!
O julgamento
E aconteceu que houve um julgamento inédito, lá na terra dos sentimentos. O juiz era o Equilíbrio, muito conhecido em sua região. Então, logo trouxeram os réus: a Raiva, a Tristeza, o Medo, a Inveja e a Ignorância. Todos eles eram acusados de cometer crimes graves, ao influenciar o comportamento dos seres humanos.
Ao iniciar o interrogatório, a Raiva foi a primeira a ser interrogada. Em sua defesa ela relatou:
- Eu não sei bem o que acontece, só sinto que estou dormindo e, de repente, passa dentro de mim uma onda de energia que de tão grande, queima por dentro. Neste momento, como forma de amenizar a dor, grito bem alto e o resto vocês já sabem!
Seguida da Raiva, a próxima foi a Tristeza:
- Olha, o que eu sinto é um vazio profundo,
onde sou acometida de uma fraqueza intensa. Quando estou assim, para amenizar a angústia eu grito com toda a força, o resto vocês já sabem!
Após terminar, a Tristeza sentou no banco, e veio então o Medo. Ele assim confessa:
- Tenho um problema que não consigo resolver comigo mesmo. A fobia do futuro! Só a ideia de pensar nele me causa um desespero tamanho, que me faz ficar inquieto, então para amenizar esta loucura, eu grito incessantemente, o resto vocês já sabem!
Depois da confissão do Medo, vem a Inveja que depois de muito relutar, se dispõe a falar:
- Meus caros, parece até uma ironia dizer isso, mas eu sinto tanto medo ultimamente! Medo de ser esquecida, e nunca mais lembrada! Assim, para amenizar isto, sou tomada por uma onda de choro, a fim de despertar a atenção de alguém que se importa comigo, o resto vocês já sabem!
Acabando o depoimento da Inveja, vem o último sentimento, a Ignorância, que então
diz:
- Todos me veem como algo ruim, mas isto é injusto ao meu ver. Tudo que prezo é pela minha essência natural! Então como forma de me proteger de qualquer tentativa de mudança, eu me isolo em um canto escuro, vendo os meus olhos e tapo meus ouvidos! O resto, todos vocês já sabem!
Tendo todos os réus falado perante o juiz, este ouviu atentamente cada um, em silêncio. Em seguida, segurando uma caneta, se pôs a rabiscar no papel que estava em sua mesa. Assim ficou alguns minutos, enquanto os sentimentos, ansiosos e com um certo temor, se entreolhavam buscando entre eles um conforto.
Foi então que o Equilíbrio resolve levantar da cadeira, olha a todos no tribunal, respira fundo e começa a discursar:
- Senhores sentimentos, depois de ouvir a defesa de cada um de vocês e, com base na denúncia feita pelo mundo dos humanos, eu os
declaro absolvido!
Percebe o espanto daquela sala cheia, pigarreia rapidamente e continua:
- Os seres humanos são criaturas incríveis dotadas de uma inteligência notável! Desta forma, há uma razão para que estes réus não sejam culpados: eles são meros artefatos criados pelos homens!
- Se me perguntarem de quem é a culpa eu digo, de nenhum dos dois lados! A culpa é de um terceiro fator chamado de "Extremo"!
- Cada sentimento aqui hoje indiciado, se manifesta na essência das pessoas por meio da energia canalizada por estas mesmas, que de acordo com o momento de suas vidas podem ser extremas!
- Ora, a Raiva na dose certa, pode ser uma aliada para se conquistar a coragem e a força. A Tristeza, na medida certa pode instaurar um momento de reflexão com um foco mais espiritual. O Medo em quantidade certa, pode despertar a atenção e resgatar
um cuidado, outrora precário e imaturo. A Inveja? Em uma porção equilibrada ela pode incentivar uma admiração, seguida de um espelho para a motivação em não ficar inerte. E a Ignorância ... em um limiar certo, tem o poder de poupar situações desagradáveis onde possa futuramente, levar ao Arrependimento!
O juiz faz uma pausa, e conclui, olhando para os Sentimentos:
- Mesmo eu absolvendo vocês hoje, não significa que não voltarão a este tribunal! Infelizmente, é preciso tempo para que os humanos entendam o que acabei de explicar aqui. E enquanto não chega o entendimento, inúmeras queixas continuarão a chegar aqui, contra vocês e outros tantos sentimentos!
- Mas lembrem-se que apesar de estas queixas não diminuírem, elas mudam de emissor. Os mais experientes, com o passar dos anos, compreendem a realidade e chegam até mim. Pois acusá-los é a única chance
deles, de alcançarem a liberdade do Equilíbrio!
- Declaro encerrada esta sessão!
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