Gostar de Ti

Porventura tem a amizade um coração tão fraco, que numa noite ou pouco mais se muda?

("Timão de Atenas")

Fazer esta poesia para ti com rimas,
é o mesmo que metrificar o quanto te acho bela,
e esse achar meu não tem medidas,
pois tua beleza é rara, e me inspira.

Seus olhos negros brilhantes,
em contraste com tua pele morena clara,
resultam na valsa que eu quero bailar,
e seu sorriso tímido é a cura para os meus anseios.

Escrevo esta noite para traduzir o que em palavras é impossível,
pois o que hei de te mostrar ainda está por vir,
então apenas deixe eu tocar tua mão e te guiar ao caminho do meu coração,
que sem você vaga sozinho, sem querer mais nada, apenas ti.

Lhe vi poucas vezes, é fato,
mas as poucas foram boas, e me trazem vontade de te ver todos os instantes,
Larissa magnífica, me dê o prazer então de olhar em teus olhos de novo,
de te mostrar o mundo, de sentar do seu lado ao pôr do sol,
e não querer sair de lá nunca mais.


Não sei se sou um bom cavalheiro,
não sei se sou o ideal para você,
mas sei que se estiver ao teu lado posso tentar ser tudo e mais um pouco,
pois princesas como você são dignas de bons príncipes.

Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.

Não se preocupe com aqueles que usam teu passado contra ti , Pois os mesmos não tem argumento da atualidade para te prejudicar .

Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.

A UM SUICIDA

À memória de Tomás Cabreira Júnior

Tu crias em ti mesmo e eras corajoso,
Tu tinhas ideais e tinhas confiança,
Oh! quantas vezes desesp'rançoso,
Não invejei a tua esp'rança!

Dizia para mim: — Aquele há-de vencer
Aquele há-de colar a boca sequiosa
Nuns lábios cor-de-rosa
Que eu nunca beijarei, que me farão morrer

A nossa amante era a Glória
Que para ti — era a vitória,
E para mim — asas partidas.
Tinhas esp'ranças, ambições...
As minhas pobres ilusões,
Essas estavam já perdidas...

Imersa no azul dos campos siderais
Sorria para ti a grande encantadora,
A grande caprichosa, a grande amante loura
Em que tínhamos posto os nossos ideais.

Robusto caminheiro e forte lutador
Havias de chegar ao fim da longa estrada
De corpo avigorado e de alma avigorada
Pelo triunfo e pelo amor

Amor! Quem tem vinte anos
Há-de por força amar.
Na idade dos enganos
Quem se não há-de enganar?

Enquanto tu vencerias
Na luta heroica da vida
E, sereno, esperarias
Aquela segunda vida
Dos bem-fadados da Glória
Dos eternos vencedores
Que revivem na memória —
Sem triunfos, sem amores,
Eu teria adormecido
Espojado no caminho,
Preguiçoso, entorpecido,
Cheio de raiva, daninho...

Recordo com saudade as horas que passava
Quando ia a tua casa e tu, muito animado,
Me lias um trabalho há pouco terminado,
Na salazinha verde em que tão bem se estava.

Dizíamos ali sinceramente
As nossas ambições, os nossos ideais:
Um livro impresso, um drama em cena, o nome nos jornais...
Dizíamos tudo isso, amigo, seriamente...

Ao pé de ti, voltava-me a coragem:
Queria a Glória... Ia partir!
Ia lançar-me na voragem!
Ia vencer ou sucumbir!...

Ai! mas um dia, tu, o grande corajoso,
Também desfaleceste.
Não te espojaste, não. Tu eras mais brioso:
Tu, morreste.

Foste vencido? Não sei.
Morrer não é ser vencido,
Nem é tão pouco vencer.

Eu por mim, continuei
Espojado, adormecido,
A existir sem viver

Foi triste, muito triste, amigo, a tua sorte —
Mais triste do que a minha e malaventurada.
... Mas tu inda alcançaste alguma coisa: a morte,
E há tantos como eu que não alcançam nada...


Lisboa, 1° de outubro de 1911
(aos 21 anos)

Passei por ti sem que te visse
Vi-te depois de ti não ver
O lembrar traz à superfície
O que o olhar deixa perder.

Você é o amor das minhas fantasias mais extraordinárias. Junto de ti o êxtase me faz refém.

Pensei tanto em ti que esqueci de mim.
Hoje... Que ironia, fui esquecida por você.

Quanto a ti, já reparastes como o mundo parece feito de pontas e arestas? Já chamei tua atenção para a escassez de contornos mansos nas coisas? Tudo é duro e fere. Observo, observas como ele se move sem choques por entre os gumes. Te parece dócil, assim sinuoso, evitando toques que possam machucá-lo? Pois a mim parece falso, conheço bem suas tramas e sei de todas as vezes que concedeu para que o de fora não o ferisse. Olha, ouve, repara: essas sinuosidades são de cobra, não de ave.

Por ti me tornei Alice e me perdi...

Mas também virei:
Chapeleiro Maluco, por você enlouqueci;
Gato de Cheshire, agora só sei sorrir;
Coelho Branco, me perdi no tempo em que te conheci;
Rainha de copas, perdi a cabeça ao te amar;

... Porém meu mundo só possui maravilhas quando você se encontra nele.

De que vale guardar tanto amor a alguém se a solidão e a carencia é quem mais vive presente de ti?

Fala-me um pouco da vida, da aventura. Fala-me um pouco de ti, mais nada.

E com o passar do tempo, percebe-se que as dores do passado já não pertencem mais à ti. As lágrimas derramadas viram vapor, que se mistura com o ar da felicidade que virá logo após. Seu coração pode ter sido rachado, destruído, quebrado em mil pedacinhos, porém sempre haverá algum bom amigo, ou algum novo amor que o concerte para ti.
Não construa em cima de seus sentimentos um muro de tristeza e mágoas. Não considere os momentos de agunía e solidão como um castigo divino, e sim como uma benção, uma nova chance de aprender mais sobre o mundo e até mesmo sobre você. Tenha forças o suficiente para seguir em frente, o amor é atraído pela doçura, pela gentileza, pela capacidade que se tem de guardá-lo dentro de ti e dedicá-lo à alguém. Por mais que doa pensar no passado, pense! Recorde-se de tudo, reflita, e não fique triste apenas porque teve seu fim, mas pelo fato de ter tido um começo. Não tente esquecer o antigo, o que já passou, o guarde do lado esquerdo do peito, pois por mais que hoje você o guarde por não ter escolha, um dia você o viveu por pura espontânea vontade, e com certeza com muita felicidade. A felicidade é passageira, mas depende de cada um para definir o tempo que ela estará presente.

Quando penso em ti
eu esqueço o lixo
que de manhã faz barulho
à minha porta
Pareces-te com o tempo
das amendoeiras
Tens tudo a ver com
a escadaria semi-invisível
que o mágico escavou
no rochedo atlântico
Sim tu pareces o Verão

SAUDADES

Saudades de ti eu tenho todo dia
Antes de dormir e depois que acordo
Uns momentos apenas teus, só teus
Deliciosos momentos em que paro tudo
Apenas querendo estar ao teu lado
Desenhando-te em minha vida
Em cores, tons, sons, paixão e sabores
Sabendo sempre que nosso amor nunca morre!

Sem ti eu chorei,
Sem ti eu me calei,
Sem ti eu não dormia,
Sem ti eu não saia,
Sem ti eu não senti prazer,
Mas só sei que senti demais
E sem ti amor eu não vivo mais

DECLARAÇÃO

Aqui estou,
triste e inconsolável.
Por causa dê ti meu amor,
estou sozinho.
Me diga, porque fizeste isso comigo?
Um homem que lhe ama tanto e não consigo esconder esse ciume, ciume que sinto toda vez que alguém lhe olha
com a mesma vontade que tenho de tê-la por perto, perto do meu coração.

Teu sorriso encantador
Me fez somente em ti pensar
Se isso não for amor
Eu não mereço amar

Sê atento sobre ti mesmo até em tua própria casa. Cuida de nada fazeres mesmo no lugar mais secreto, de que te possa enrubecer.