Goias
Louvado Seja Deus,
o criador,
Louvado Seja Di cavalcanti,
o pintor,
Louvado Seja Dionisio,
o Baco,
Louvado Seja Donald,
o pato.
Louvado Seja Dorival
Da Bahia, Brasil,
Voz e violão,
Louvado Seja David,
Das aranhas de Marte,
O Ziggy camaleão.
Louvado Seja Diógenes,
Do desprendimento,
Do cinismo, da rua...
Louvado Seja David,
Do muro, do virtuosismo,
Do lado escuro da lua...
Louvado Seja Dante,
o poeta,
Louvado Seja Djavan,
O esteta.
Louvado Seja Diderot,
O pensador,
Louvada Seja Dolores,
Da dor e dos amores.
Louvado Seja Dominguinhos,
Da bossa e do baião,
Louvados Sejam Doors,
As portas da percepção.
Vejo, leio, ouço...
Bebo, sinto, louvo...
Com a bela Caetana
Bom encontro pra você,
Que o galope do sonho
E o riso a cavalo
Me ensinaste a ter.
Que me livrou do peso
De não ter imaginação,
De ser doido e mentiroso
E mesmo assim ter razão.
Me fazendo encontrar
O realista esperançoso
Dentro de mim,
Em paz com o meu
"só sei que nada sei"
E meu "só sei que foi assim."
O que mais seria a guerra a não ser
Jovens se matando?
O que mais seria a guerra a não ser
Velhos conversando?
Melancolias de um samba,
Tristeza em pleno carnaval
Um dilema em minha cama,
Viver ou fase terminal.
Filosofias de bar,
Ideologias fúteis de jornal.
Água levanta poeira do asfalto
O cheio me leva ao passado.
Banho de chuva,
Descalço na rua
Olhando o céu
Pensamentos aleatórios ao léu.
Lá vem o sol,
Cada manhã
É uma só
É um sonhar.
Enquanto ao tempo
Cada momento é o ideal
De idealizar,
Se você sentir dor,
Seja pelo o que for,
Há sempre um modo de utilizá-la
Para o bem ou mal
Cabe a você tentar,
Agüente firme.
Um novo anjo torto se afoga em distúrbio
Enquanto autoridades estão em cima do muro,
Lugares confortáveis
São revisitados,
Luzes da cidade iluminam os desajustados.
O cidadão transformado em súdito
Vivendo em uma fazenda de formigas,
Quando não acaba em um caixão de veludo
É obrigado a amargar as feridas,
Constituindo uma constituição,
Incondicional, inconstitucional...
Aprendi a lutar
Quando vi que não era de vidro,
Fui alem dos sentidos,
Mas do que o permitido
Enfrentando o acaso
Me deparei com o destino,
Na luz do refletor...
O que ludibria nossos olhos
E cega o coração
Estrela em comerciais
E em frases de caminhão.
Em cigarros importados
Perfumes falsificados
Na falta de um senso critico
Se torna nosso vicio...
As mães só são felizes,
Quando de tudo não tem informação,
Os pais felizes só são,
Enquanto fingem não prestarem atenção.
Ele, um jogador
Que apostou tudo no amor,
Acabou em um sallon
Ao som de John Coltrane.
Ela, cartomante,
Com pinta de farsante,
Pede outra dose
E brinda a má sorte.
Enquanto ele embaralha
As cartas no balcão,
Ela faz leituras
De mãos no saguão.
Os dois nem imaginam
O que o futuro lhes reserva:
O mago, o enforcado, a morte e o ermitão.