Gente Mimada
Um dia as pessoas morrem na gente. Esquecer faz parte desta árdua tarefa da vida nas quais as melhores lembranças são como pedras brutas que precisam ser lapidadas e não lançadas num mar de desilusões, plantadas e regadas como uma semente para que um dia quem sabe as pessoas não possam morrer na gente...
"Semente de gente,
que ninguém apostou.
Gerado em solo ilegal,
com requintes de horror.
Lançado na vala ao nascer,
pelo seu criador.
Um ser soterrado
em terra de dor.
Rompeu o peso terra
e seu verde mostrou.
E sem ser irrigado
ou adubado, brotou.
Semente de gente
Aposto que é flor."
Se gente Folgada e Arrogante for para o Céu, prefiro ficar por aqui. Deus me livre da Eternidade ao lado dessa combinação medonha!
O homem pode perder-se nos seus próprios sentimentos de modo a esquecer o que o cerca, e entregar-se a uma paixão louca que lhe ataca o coração.
E quando nos ataca a melancolia e a tristeza se apossa do nosso coração, quando aos sentimos lacerados e tristes, as recordações servem-nos de lenitivo e vivificam-nos, tal como o fresco orvalho que, após um dia de canícula, refrigera, na tarde húmida, as pobres flores murchas pelo ardor do sol, e lhes dá nova vida.
Quando um homem chega ao ponto de perder a estima de si próprio e abdicar das suas melhores qualidades e da dignidade humana, perdeu tudo, a sua ruína é inevitável.
O conhecimento é superior ao sentimento, a consciência da vida é superior à vida. A ciência nos dará sabedoria, a sabedoria revelará as leis, e o conhecimento das leis da felicidade é maior do que a felicidade.
" A gente cansa! Cansamos de falar, cansamos de ouvir, cansamos de tentar, cansamos de fugir, cansamos de correr, cansamos de lutar, cansamos de explicar. Sim, assim é a vida, cansamos de buscar coisas que não deveriam ser buscadas, cansamos de buscar coisas que não são para nós e no fim descobrimos que passamos a vida buscando coisas e perdendo o brilho de viver o real, a vida passa e no fim estaremos somente cansados!"
Obras
P'elas do homem obras, não pode ele a Deus Chegar.
Pois aí, teria ele de fazer todas bem feitas, sim!
E só assim poder junto de Deus, sempre estar!
Isto é uma verdade divina, pois enfim!...
Mas oh gente humana, sabei, pois então,
que nenhum humano, ser, faz as obras, em rectidão.
Eis que todos são em pecados, já nascidos,
Por isso todos estávamos perdidos...
Mas agora por isso morreu, Jesus Cristo,
para p'ela fé na morte e ressurreição,
d'ele, termos salvação, crede, pois nisto!
Não é por nós, que somos salvos, assim,
Mas p'ela obra da de Cristo cruz paixão,
que por nós todos, morreu e ressuscitou, enfim!
Amor
Amor o que será?
Neste existir onde estará?
Afinal que valor tem, este sentimento,
Sobre o qual poetas, procuraram dar entendimento!
Neste meu modo de ser,
Nesta minha faculdade, a que chamamos razão,
Um facto posso compreender,
E chegar a uma conclusão.
Nesta realidade:
Espaço, tempo e eternidade,
Entre tanto gênero de amor e amar,
Dois somente vou considerar.
O amor existe em duas dimensões: uma humana
E racional...
Outra divina...
E espiritual!
Mas oh! Alma
Humana...
Entende a realidade,
Que o amor divino, é a verdade!
O sentimento humano, age falsamente.
Com interesse e hipocritamente...
É invejoso, mentiroso...
E não caridoso...
Quem este amor tem: é
Isensível, maldoso,
Pouco compreensível.
E preconceituoso.
É pessoa que acusa...
Condena,
Mata.
Ao próximo maltrata.
Este amor
Olha à aparência e ao exterior.
Ao mal chama bem,
Pois a Deus não tem...
É o sentimento, do homem natural,
Que a todo o doente, apelida de feitor do mal.
Faz tudo o que a seu alcance tem,
Para prejudicar, os que desejam o bem.
Mas o amor de Deus é o verdadeiro,
Pois é o primeiro.
É antes da eternidade,
Vem de DEUS, é a verdade.
Por ele Deus, tudo criou.
Este não tem fim,
E por ele o Senhor me salvou,
Da morte, enfim.
Quem assim ama,
Ao seu amigo e até inimigo estíma,
Nasceu para amar,
Até ao ponto, de por DEUS E PRÓXIMO, SUA VIDA DAR.
ATÉ NO SEU FALAR,
AINDA QUE COM AUTORIDADE SEJA,
MOSTRA AO SEU SEMELHANTE AMAR,
E BEM LHE DESEJA.
É FRONTAL E A FAVOR DA VERDADE,
ENFRENTA A INJUSTIÇA;
VENCE A MENTIRA,
PORQUE TEM LIBERDADE.
OH! GENTE HUMANA!
A VÓS IMPLORO,
QUE AMEIS DESTE MODO!
ACEITAI O AMOR ESPIRITUAL, QUE DE DEUS EMANA!!!
Penso que a política não precisa de pessoas que querem ser necessárias, mas sim de gente que pretende ser útil.
Brincamos com a Natureza,
que nos cria e nos consente,
mas algum dia, com certeza,
Ela vai brincar com a gente.
As esplanadas enchem-se de gente, os invejosos parecem doutores de filosofia e a maledicência tem ares de debate profundo.
Na adega do Platão
anda tudo farto e contente,
há vinho pra toda a gente
a palpitar do garrafão...
Há convívio e união,
com pitéus de harmonia,
ante a branca poesia
nas árias improvisadas,
e nas talhas atestadas
tudo impera em alegria.
I
Nestas boas convivências
está o mundo aqui sentado
entre saias, rumba e fado
trovam-se estas apetências...
São diversas indulgências
a mandado do coração,
mais um copo, uma canção
sempre altiva e divertida,
- e assim se goza a vida
na adega do Platão.
II
Azeitonas de conserva,
misturadas com temperos,
e talhadas de alguns peros
ofertadas por Minerva;
há bom vinho de reserva,
que se sorve e se consente,
no gabar de toda a gente
há sempre um trinar castiço,
com bom queijo, bom chouriço
anda tudo farto e contente.
III
Após as dentadas míticas
nos petiscos que aparecem,
há os Ícaros que agradecem
o primor das santas críticas...
E nas farras analíticas
Prometeu é deus e crente,
porque não fica indiferente
aos conselhos de Japeto,
prevendo que no palheto
há o vinho de toda a gente.
IV
Mais um brinde é aviado
pelas honras de Hefesto,
arde como um manifesto
muito limpo e açucarado;
é condão todo encorpado
nos cantares de pé prá mão...
A tertúlia em comunhão
num lugar franco e elísio,
com as artes de Dionísio
a palpitar do garrafão.
V
Outro copo, mais uns migos
dão convite a outro deus,
o supremo e grande Zeus
entra em paz com os amigos,
venham outros mais antigos
ou de outra geração...
Poseidon traz o trovão
que achou por entre mares,
e com rimas e cantares
há convívio e união.
VI
Cantam Ninfas, dão-nos Graças
todo o bom e o bonito,
junto à paz de Hermafrodito
a encher de novo as taças;
há castanhas e há passas,
muitos risos e magia...
E entre a grande cantoria
este Outono é Primavera,
onde encanta a boa Hera
com pitéus de harmonia.
VII
Farinheira, vinho e bolo
para Héstia, mãe da Terra,
e até Ares deixa a guerra
nos poemas com Apolo,
o seu garbo é um consolo,
todo ele é simpatia,
como sábio que nos guia
no guião deste apetite...
E a beleza de Afrodite
ante a branca poesia.
VIII
Até Demeter está feliz
junto ao céu das talhas lusas,
bebe a meias com as Musas,
e com a bela Artemis.
Tudo o que este nume diz
sai da alma das rodadas,
e então as lindas Fadas,
sem manias ou critérios,
improvisam seus mistérios
nas árias improvisadas.
IX
Psique trinca a divindade,
Eirene sorri ao mundo,
Cronos parte moribundo
sem entrar na sociedade,
Hélios pede alacridade
pelas mesas alindadas,
com risotas avultadas
Zefiro ri do poente,
outros riem no consciente
e pelas talhas atestadas.
X
Entra Atena, emocionada,
como luz de um labirinto,
diz que vai beber do tinto
e fica até de madrugada...
Manda a deusa venerada,
tão divina e tão sadia...
A singular sabedoria
fala alto mundo afora,
e nestes filhos de Pandora
tudo impera em alegria.
António Prates