Generosidade
Estive zangada, com propósitos errados, querendo que tudo conspirasse conforme meu desejo, abdiquei muita coisa e queria retorno pelas coisas que abdiquei, esqueci apenas que ninguém me pediu para abdicar, abdiquei porque eu quis.
Hoje rio das bobagens que cobrei dos outros e de mim mesma, das coisas em que acreditava, do retorno em que acreditava que a vida deveria me retribuir, eu estava completamente enganada.
Isso não tem nada a ver com ele, nem comigo, isso era apenas um sentimento de recompensa que me invadia, eu precisava ser recompensada por tudo que fiz e vivi.
É um passo para a hostilidade, para as reclamações sem fim, para eu me sentir a senhora da razão, a cheia de si, a dona Maria Certa. Depois tive que me tocar e entender que eu dependo de mim para ser feliz.
John Stott escreveu: “Muito amor humano é bom e nobre, mas em algum grau oculta motivos ulteriores ou é uma mescla de generosidade e egoísmo. Somente um ato de amor puro foi realizado na história humana, e este é o sacrifício de Jesus na cruz. Na cruz Jesus amou – e amou com amor perfeito. Ali ele deu tudo o que tinha: deu-se a si mesmo, por aqueles que não mereciam nada, que eram simples pecadores como nós”. Neste mesmo artigo ele acrescenta: “... o amor divino é serviço, não sentimento.” (p.25). Mais: “O verdadeiro amor limita sabiamente o dar, não para evadir-se da responsabilidade, mas para criar e desenvolver uma maior responsabilidade no que pede.” (p. 26). (John Stott - Tive Fome - Série Lausanne, Ed. ABU, p. 24, 25 e 26)
"No campo dos meus registros memoráveis e admiráveis, permaneceu em alta conta as personalidades menos competitivas e ainda menos, polêmicas. Raridades? Por isso mesmo, valiosas. Polemizar e comparar como sinônimo de se impor, se sobrepor ou tão somente, aparecer mais, é no mínimo, de um tremendo mal gosto. A maior grandeza da personalidade, é diretamente proporcional ao respeito e generosidade praticados, e à felicidade partilhada. O destacar-se é consequência, é fluidez. Naturalidade é tudo! Espontaneidade complementa. Simplicidade encanta. Do que faz sentido... transpira coerência. Transmite confiança."
Muitas das vezes pequenos gestos se tornam grandes ações, a vida pode ser mudada num simples cair de uma folha
De que vale todo um conhecimento adquirido por uma vida inteira se não pode ser dividido generosamente por um minuto.
Cuidado!
Não tropeceis num ato falho
no caminho da incoerência;
para que não venha à tona
toda essa imundiça;
e o mundo inteiro perceba que
nem essa caridade é pelo próximo,
nem essa revolta é por justiça.
Ter empatia é compreender o desconforto alheio. Ser generoso não é apenas dar esmolas. Na verdade, em algumas ocasiões, pequenos gestos representam mais do que enfiar a mão no bolso. Por outro lado, se valorizar as conquistas do próximo é também generosidade, não sorrir com a alegria do outro também é avareza.
O amor se aprende: quanto mais se conhece, mais se ama. O amor se desenvolve: quanto mais se desfruta, mais cresce. O amor se vive: com acolhimento, carinho e generosidade.
Diálogo são olhos que sinalizam atenção, silêncio que pronuncia respeito. Acolhimento, conforto, generosidade. É dar como alimento o carinho.
A rotina fermenta o açúcar das relações. E transforma iniciativa em apatia, companheirismo em desprezo, generosidade em mesquinhez.
A Verdade é o lema dos justos; O temor é o lema dos obedientes; A Prudência é o lema dos Sábios; Agora não dá é O Lema dos preguiçosos; Ousadia é o lema dos corajosos; e Igualdade e Generosidade é o lema dos bons de coração.
Convidei um senhor de rua para almoçar. Após o almoço, em razão de um aperto de mão, contraí uma uma irritação braba na pele da mão e do punho. Precisei tratar com um remédio forte. No final da consulta, o médico pediu para que eu não fizesse mais isso: "Aprendeu agora, né? Vê se não faz mais isso! Parece maluco..." Apertei a mão dele e disse que, no lugar do conselho, poderia me dar luvas.
NOBREZA
Meditei, meditei e meditei por muitos anos e cheguei à conclusão de que a virtude que mais falta ao brasileiro, em geral, é a nobreza.
Ele até tem dó dos outros, é tolerante, otimista etc. Mas lhe falta nobreza. A nobreza é uma fusão de coragem, generosidade e auto-controle. Brasileiro é muito medroso, pão-duro e lascivo num nível até perigoso.
A coragem deve ser para enfrentar as injustiças que os outros sofrem sem temor da morte, da difamação e da pobreza. A generosidade deve ser de si mesmo e dos bens materiais. O medo da pobreza e o 'pão-durismo' nos reduz à condição de animais. Só o ser humano é capaz de doar para um estranho. Nenhum animal faz isso. E o auto-controle também nos deixa mais humanos. Nenhum animal diz 'não' quando uma possível satisfação dos sentidos lhe é apresentada.
As pessoas são 'iguais' enquanto imagens de Deus, mas são objetivamente superiores ou inferiores de acordo com os seus graus de nobreza. O inimigo nobre deve ser mais valorizado que o aliado mesquinho.
A caridade é uma virtude teologal e não moral, só vem quando Deus quer, mas a nobreza é cultivável. Vejo muita gente que não tem nobreza nenhuma arrotando caridade cristã por aí. Olha, pelo fato da caridade ser uma virtude teologal, o sujeito que a tem nem é consciente disso. Se você acha que tem, é porque não tem. Com a nobreza não é assim. A nobreza é cultivável e observável.
Eu já encontrei nobreza entre mendigos, nobreza em nível elevado. Já os ricos brasileiros, e por ricos me refiro a qualquer um que tenha mais do que o necessário para suprir as necessidades básicas, são os menos nobres do mundo. Eu testemunhei isso diretamente.
Ausência de nobreza é sinônimo de animalidade, mas existem graus nisso.
É importante lembrar que a nobreza, por definição, parte do indivíduo para a sociedade. O nobre mais nobre (mais corajoso, mais generoso e mais auto-controlado) é o isolado.
Querem uma instrução bem prática? Façam o voto de NUNCA negar esmolas (mesmo que só tenham uns centavos), estudem um pouco de música e um pouco de artes marciais.
Querem que seus filhos sejam nobres? Coloquem eles para estudar artes marciais e música e façam com que eles dêem esmolas, tanto como intermediários do dinheiro dos pais como de suas próprias coisas (brinquedos, roupas etc). Leiam muitos contos de fadas e de cavalaria para eles também.
Rebento de seu olhar...
Quantas retinas há em seus olhos
Quantas cores, desejos, temores e amores
Desfilaram frente a eles, e como saber?
Com que olhos teus olhos a tudo veem?
Olhos de sedução... vezes de emoção
De capitanear ventos ou furacões
De marear nebulosas ou frágeis naus
De dar ao réu silente a o perdão dos inocentes
Com que olhos desenhas a tela de do querer
São os mesmos que se indignam rebeldes
Vendo no outro a ausência de produra
Ou se lépido, abraça a inopina alegria
Tem eles vida própria? Ânsias gáudio?
Cegando o mal, celebrando a paz que vai sempre mais além
Anuindo, em nobreza, o torpecer da tristeza do outro
Porque é no brilho de seus olhos que principia todo bem
Meio que na contra mão de um tempo egoísta e de vaidades usurpativas menores, ainda acredito na ampla generosidade intelectual que deva ser ofertada por quem sabe em qualquer boa e digna conversa sobre arte e cultura. Uma cultura trancafiada entre poucos eleitos, não vale nada, apodrece e morre.
Quando compartilhamos algo, pela simples satisfação de proporcionar boas sensações para outras pessoas, agimos com generosidade.
Vamos retribuir com generosidade as bênçãos que recebemos?