Gelo
O coração endurecido é como uma pedra de gelo, quando o calor do amor lhe abraça, ele se amolece e derrete, é fatal!
Sim, salva a minha boca da maldade pois sua saudade ta me matando, põe o gelo do teu desapego na minha face e me deixa chorar.
Não existe gelo neste mundo
Capaz de nos fazer frio
Juntos nos esquentamos.
Posso jurar que sou gelo, sem perceber viro brasa,
sempre implorando desculpas, inconformado comigo.
Ilusão
Penetro na sua dor
Como gelo
Nessa noite
Vaporosa.
– É pedra!
Magoar um coração
Que tanto ama?!…
Sinto um tédio,
Num estado esquizofrênico,
Te vejo
Entre lírios neblinosos
Cantando fantasias.
Vida nebulosa!
Tudo me rodeia
Esvaecido,
De overdose,
De amor…
– Fugaz!
Não culpe os outros por terem um coração de gelo, quem sabe não foram suas atitudes frias que o congelaram.
Dentro de um coração de gelo, poderia existir muito mais que água. Quem sabe, poderia surgir uma emoção tão forte capaz de quebrar esse gelo e transformá-lo em vapor. Mas durante certo período, o gelo se forma novamente. E não resta mais nada. Apenas o tempo. Mas será que o tempo conseguiria derreter um coração de gelo? Talvez o tempo não fosse capaz. Mas o amor fosse. O amor é desse jeito mesmo. Dura o quanto tem que durar. Congela o tempo necessário, fazendo com que a vida nos faça perceber se tudo isso vale ou não a pena. Mas na maioria das vezes, todo esse tempo e todo esse gelo se vão. Mas o sentimento permanece. Mesmo que no fim não seja mais amor. Apenas vapor…
A saudade é como o gelo na pele... no começo queima de dor, mas com o passar do tempo fica tão adormecia que passamos a nao sentir mais nada.
O amor eh mais frio que o fogo e mais quente que o gelo. Por isso que ninguem até hoje não aprendeu a manipula-lo!
CUBO DE GELO
Dia após dia, durante anos, aquela foi minha rotina. E até hoje me pergunto: como é possível?
Levantar ir ao trabalho. Bem, eu acordo cedo, eu gosto. Seis em ponto estou pronto. Café tomado, estômago vazio. De fato prefiro mesmo tomar café no trabalho, mas pela manhã, em casa, vai bem. Pois bem, dia após dia os ônibus cheios, pessoas, carros, espelhos. Tudo tão calmo e ao mesmo tempo é desespero. Movimento com o passar dos postes diante do meu pensar distante e desinteressante, observado de canto a canto, de sereno a delirante. Uma senhora que olha e disfarça. Olho para o relógio, perto de chegar, mais um sinaleiro. Olho para trás, procuro me posicionar, posição de saída. As portas se abrem, desço. Saio por primeiro. Passo após passo pela calçada em preto e branco, os prédios, as praças, os pombos. Ah, um dia frio faz mesmo observar. Os passos parecem desacelerar, enquanto o relógio derrete o tempo. Ora, só preciso chegar! Pois tenho tempo! Estou a voltar, novamente vejo as cenas, o ônibus, os postes, a senhora que me olha com desejo, quero dizer: disfarça! Eu vejo. Como é possível? Novamente paro, penso! As pessoas em câmera lenta, e eu: desespero? Ah, esse eu neste cubo de gelo, que segredo deste olhar a delirar... Só um olhar a delirar. Será mesmo? Passam-me uma a uma – as pessoas, sim, as pessoas – e eu a perguntar: e o meu tempo? Devagar! Devo chegar, distancio-me. Dias frios fazem mesmo observar. Rio, porque em vez de ir adiante, estou indo para trás. Como é possível? Novamente, tenso, penso: dia frio faz mesmo observar. Suores na testa e como suo neste cubo de gelo. Ah, que segredo, apenas meu olhar a delirar. Nem pergunto. Mas será mesmo? Os ternos, as saias, o vento. Estala os dedos a velha senhora naquele bar. Como eu posso escutar? A brasa a queimar no cigarro do mendigo. As luvas sujas, os trajes, um pão mordido, pego sobre luvas sem dedos, e no braço uma coberta a arrastar. Novamente lembro! Preciso chegar! Eu tenho tempo, devo me lembrar! O sono vem me incomodar. Minha inquietude posta em cheque, posição: sentido! Resolvo parar! Como é possível? Sigo o caminho e isso pode ser muito... Ah, deixa pra lá. Observo idéias em linha reticente, tudo devagar de dentro de um cubo de gelo. Meu tempo! É mesmo, um dia frio faz mesmo observar.
Saudade!
pedra de gelo que cai sobre o coração
Para conservar a lembrança, daquilo que a gente quer.
É esse gelo por dentro que eu não consigo entender. Você se doou tanto quando eu não pedia, e no momento em que pela primeira vez pedi, você negou, você fugiu. É esse seu bloqueio de aço eucouraçando o silêncio, eu não consigo entender.