Geladeira
Minha imaginação está em alto relevo, é feito um imã de geladeira que vejo todo instante em que vou procurar algo lá dentro que no fundo eu sei que não estará lá.
Tem um bilhete na porta da geladeira me dizendo das tardes e das noites de ventos. Isso, para que eu jamais esqueça de abrir as janelas e soltar os cabelos.
VARANDO A MADRUGADA
De repente ocorreu - me
aquela vontade de comer
um doce da geladeira...
Mas a vontade passou,
quando tive que escolher
entre buscar o doce
ou ficar na minha doce cama quente,
uma vez que o doce está gelado....[rsrsrs]
mel -((*_*)) 28/07/2014
ELA GOSTA
A dúvida é um rinoceronte dentro do guarda roupa,
Um hipopótamo na geladeira
Um elefante no armário
Paquidermes pisando minha desconfiança
Ontem ela descascava chuchu na pia
O baby doll intimamente nas suas partes
O decote com seus seios na maior alegria,
E a mobília bramia...
Anteontem eu filmei seu andado,
Seu banho, o sabonete desliza demais...
Sua calcinha salmão é muito atrevida,
O que caberia debaixo dessa cama?
Perfuro o colchão com espetos
E o negão vira lama...
Ela reclama e se faz de ofendida
Mas no fundo ela gosta,
Infla o seu ego o meu ciúme,
Reclamo do perfume,
Investigo o celular e o facebook,
Imagino o que vai na sua cabeça,
Ela fica indignada, mas no fundo ela gosta,
Este é o meu maior medo, no fundo ela gosta...
CER TE ZA (crônica)
Tem anfetamina nos armários. Há pó branco na geladeira. No canto. Há. Há fumaças entrando pela janela da sala. Pela janela da sala. Há fumaças. Não consigo identificar. Não há o que identificar. Há pó branco. Nos armários. Está tudo misturado neste pequeno apartamento. Só o apartamento que é pequeno. Não me pergunte o motivo. Por ventura, os motivos não são obrigados a ser contados. Está tudo misturado. Pó branco. Anfetamina. Fumaças. Meu cigarro está aceso. Fumaças do cigarro. Talvez? Talvez. Trago cinco fumaças. Uma, duas, três, quatro, cinco. Poderia ser seis. A metade do tabaco coube seis fumaças. Minhas pernas começam a tremer. Ansiedade. Talvez? Talvez. As fumaças estão entrando pela janela da sala. O apartamento é pequeno. Grande são os pensamentos que me invadem, enquanto o ponteiro do relógio registra duas da madrugada. Duas. Da Madrugada. Os carros não estão na avenida. Nem as pessoas. Há pessoas nas ruas. Há carros nas casas. E o ponteiro está no número dois. O céu estrelado. Trago mais uma fumaça. A sétima. Contei. O conhaque está no balcão, a preguiça, debaixo do meu sofá e eu, no sofá. Não lembro quando chamei a solidão para dançar, mas todas as noites ela tira os sapatos e fica bailando no carpete da minha sala. Baila com passos descompassos. Não precisa saber dançar para se ser só. Ser só é uma arte. Já é uma arte. A oitava fumaça do cigarro se mistura com as fumaças da janela. As fumaças da janela são misturas dos cigarros de alguns adolescentes na rua. Eles também tragam fumaças. Não contam. Tragam. Eles riem. Mas eles riem. Eu não. Apenas fito paredes assentado no sofá sobre a preguiça ciente de que há anfetamina nos armários. Quadros estão nas paredes. Manet, réplica. Van Gogh, réplica. Vinci, réplica. Britto, original. O último está guardado. Minhas paredes pedem arte. As paredes pedem tudo. Toda vez que a solidão baila no carpete, as paredes pedem meu olhar. Talvez porque não enxergo a dança. Em um dos quadros está a sua fisionomia. Fisionomia. Rosto. Face. Cara. Teus cabelos enrolados. Encaracolados. Ondulados. Modelados. O sorriso rasgando a fisionomia. Rosto. Face. Os olhos decorando o rímel. O castanho decorando o glóbulo ocular. Infiltra-me. Decora e infiltra-me. As paredes pedem meus pensamentos, também. Agora eles estão te focando. Te focam. Devoram. E rasgam. Rasgam como o sorriso. O teu sorriso. Causam um estrago mordaz. Voraz. Alcatraz. A solidão saiu do carpete e tu entrou. Coreografia seguinte. Tuas pernas vão bailar no carpete. Teus dentes ranger felicidades. Ranger. Morder. Ranger. Meu olhar irá te encontrar. E não te largar. Ele nunca larga. Ele não quer largar. Ele não irá largar. Ele não pode largar. Teus pés pisam o chão. O chão. Imaginação. O chão da minha imaginação. Inquietação. Sob o meu corpo há uma inquietação. Agora. Sem demora. Mais uma fumaça do meu cigarro entra no ambiente. Ambienta o clima belo. A solidão volta a dançar. Tu foras embora. Voltou para o quadro. Ao lado de Manet. Pela manhã, o padre falou que as pessoas morrem. Que todos morrem. Que a morte é a única certeza da vida. Que a vida há uma certeza. Uma certeza. A morte. Morte. Mas ele mentiu. O padre mentiu. Men-tiu. A única certeza da vida não é a morte. Ontem eu te matei e hoje tu me devoras com o olhar. Não é certeza. Alguém deve estar certo, mas eu te matei. Ma-tei.
A única certeza é que há anfetamina nos armários, pó branco na geladeira e cigarros no meu bolso. O resto é balela. O ponteiro marca duas e cinco da madrugada, outra certeza. Talvez? Talvez.
- João Guilherme Novaes
Se tem comida na geladeira, roupas em seu guarda-roupas, um teto sobre a cabeça e um lugar para dormir, então você é mais rico que 75% dos habitantes da terra.
A geladeira só faz barulho quando tudo esta em silêncio só damos valor a um segundo quando só temos um dia...edione silva da paixao
Hey gata cê e igual cerveja?
Pq?
Se a latinha fika suando por fora ao tirar da geladeira e pq cada vez ta melhor x dentro!
Simplicidade
Sobras da geladeira
Serão nosso almoço
A semana inteira
Foi um grande alvoroço.
Para se banhar
Somente água de poço
Leve uma leiteira
Para lavar o corpo.
Após o Jantar
Se aconchegue na rede
Ali fica o filtro de barro
Caso tenha sede.
Aqui a casa é simples
Mas a gentileza é imensa
inversamente proporcional
A minguada Dispensa.
Realizações são inversamente proporcionais ao tempo gasto no ócio. Cabeça parada é como geladeira aberta à toa: desperdício de energia.
Hoje ouvir alguém dizer:
Acertaram à geladeira,
pensei,
geladeira de quem?
acertaram?
consertaram?
Foi a geladeira dele?
Foi a geladeira de quem ele falava?
Num dia chuvoso, o que fiz, comemorar:
VIVIA A AMBIGUIDADE!
Em uma palestra qualquer
Tem um doce de coco
me esperando na geladeira
Tem mais de três horas
que estou sentada nessa cadeira
Só imaginando
o meu doce na geladeira
Assaltar a geladeira e voltar frustrado de não ter nada gostoso é tipo achar uma carteira na rua e não ter dinheiro dentro.
Sem palavras,
o criado mudo
isolou-se em um canto
A geladeira,
sempre tão fria,
derreteu-se em lágrimas
O chuveiro,
sempre tão quente,
agiu como se não ligasse
As paredes ecoaram o silêncio da despedida.
Algumas portas se fecharam
e outras se abriram
Enquanto eu,
que já não me sentia mais em casa,
parti.