Gata
Gata mia, gata minha
Minha gata, gata mia
Que tu queres gatinha!?
Sempre gata, sempre linda!
Adora cortejo, uma ávida Felina!
Se tu mias eu me animo, só careço de carinho
Sou alimento, sou elogio, seu alento
Só quero companhia, viver esse momento
Meio gata, meio gente, desconfiada, independente
Olhos, focinho, andado faceiro, carinho sempre ardente
Só quero ouvir seu miado
Em minha rede, olhando pro telhado
Não fuja a noite, fique de dia
Faça ternura, minha gatinha.
Gata mia, gata minha
Minha gata, gata minha
Gata amalucada
Manhosa acrobata
No teto fazendo pirraça
Não me negue um abraço, Não me negue um aconchego
Eu só quero um carinho, eu só quero um doce beijo
Seja uma boa gata, uma gata sempre mansa
Aquiete seu olhar, encha meu coração de esperança
Seja gata ourice os pelos, faça miau e me enrosco em teus cabelos
Não me dê as costas, ouça meus apelos, peça carinho e terá seus aconchegos.
Afastei a gata,
Reposicionei o tapete,
Afofei as almofadas e deitei na rede.
Seu balanço me levou ao meu:
Ando temendo sentir ou de tanto sentir passei a temer?
O balanço parou , omeu também.
Achei que não tinha entendido nada e nem sentido nada também.
Trouxe de volta a gata e a reposicionei ali, no lugar de origem.
Ela não quis mais, saiu. Foi deitar lá na almofada que eu afofei.
E então eu entendi:
Depois que o formato ou composição é alterado,
as coisas nunca mais voltam a ser como eram, se ressignificam.
Existe sim o temor, mas a gente busca um outro lugar, outro formato e
outro desconhecido pra sentir de novo.
Aguei então as plantas.
Me veio o cheiro do quintal de vó. Passei um café pra acolher tudo aquilo, que eu voltei a sentir depois do cheiro do quintal da minha vó.
Olhando pro nada e sentindo tudo, tomei meu café imaginando os estalos e o cheiro da lenha queimando no forno, se preparando pra receber as fornadas de biscoito e pão que ela fazia.
Não era imaginação. De fato o cigarro aceso tinha caído no tapete, levantando fumaça e deixando nele a marca do dia, em que eu voltei a sentir.
Eu sei que minha fama te assusta
Mas também sei, gata, que tu me quer
Então para de bancar a maluca
Sem desculpa, que eu sei que é migué
Embora seja tão
minúscula, está viva
a gata que se esquiva
enquanto minha mão,
com mais de um arranhão,
conclui a tentativa
inútil e, à deriva,
afaga o nada em vão.
Fruindo em paz de sete
vidas, no entanto, a gata
faz sua toilette
e assim não se constata
que esconde um canivete
suíço em cada pata.
Bisbilhoto um desconhecido que
acaricia minha gata na rua.
Ele vai.
Eu chego.
Ela foge.
Essa tem meu dote,
tá sempre na saideira.
Sarnento conhecido que sou
só peço carícia na coceira
haverei sempre de matar
a curiosidade, da gata aqui
a sede, de conhecimento
o prazer, da maldade
o tempo, com a minha ociosidade
a vontade, das coisas prazerosas
o cansaço, que me consome
a preguiça, que insiste em não me largar
a ideia, que me azucrina
a fome, alimentando a alma
o mal, com sentimento de amor
o sonho, porque ele será ser realizado
a dúvida cruel
o ódio, com amor(próprio)
de raiva, mesmo sem querer
e também haverei de morrer
de tédio
de agonia
de loucura
de indignação
na doce ilusão
dos meus pensamentos
e há quem diga que é de morte morrida
e muito bem sofrida
porque é de amor que quero morrer
e outros dizem que é de morte matada
onde muitos já me mataram em seu coracao
e eu também já matei muitos sentimentos
em legítima defesa, que me levaram
ao banco dos réus em minha justa consciência
e da morte me restou apenas a flor
por cima do meu jazigo de vidro
uma alusão aos telhados de vidro
da vida frágil e remota que temos
mas não temos saída a não ser por aqui
só sei que de saudade não quero morrer!!!
Gata, eu não sou Uber, mas te pego em qualquer lugar. Porque sou a sua felicidade, e o destino onde você pretende chegar.
"Gata, o brilho do teu sorriso mexe com os batimentos do meu coração, ele me leva há uma atmosfera de amor da qual com palavras não sei explicar e só lhe admirar"