Galo
Poema da Roça
Da roça pacata
se ouve a cantata
do grilo, do galo,
do gado e das aves.
Na roça antiga
surgiu a cantiga
da parentada crescida
no cabo da enxada.
De uma casa na roça
de barro batida
e buraco de fossa
se via cera de estrume
e lamparina como lume.
Da roça vieram minha origem
muito trabalho, suor e amor
viola caipira e mata virgem
da grande família de meu avô.
CANTIGA DE GALO
Ê, vida, eu ainda gosto muito de ti.
Tanto e mais que de mim, que sou
Remendos sem necessidades
Porque com a mesma roupa
Que me destes eu vou.
Não minto a ti quando digo: amo
Mas não quero repetir eternizado
E passar o tempo pensando em ti.
Estes pensamentos em, só, em mim
Por que a qualquer direção
Eu me ocupo de ti, roçando
As tuas mãos, esclarecidas
Esquecido de ti nos afazeres.
Eu sou eu porque és vida.
Por ti caminho e corto desvios
Nas estradas de ainda
Das quais nada conheço
Que penso carregado
Como estará a vinda
Se algum passo parti
Ou se outros deixei plainados.
Vida, vida, me prendestes um dia
Por um cordão de em mim
Atado, tive dias assim
Conduzido, puxado por ti
E nos meus movimentos
Nos que penso verdadeiro
E nos que bobeei quando podia te alcançar.
Fostes tu vida, com tua didática
E ainda não queres ser
Uma chispa maravilhosa.
O homem do interior
É seu doutô, la no meu sertão é anssim,
No cantá do galo eu abria o zoi,
A lui do candinheiro, inquanto a mué cuava o café e barria o terrero,
Eu la ia pú curá, atava a vaquinha tadinha tom magrinha, dava dó inté de oiá,
A primeira caneca de leite, num derramava do tacho, bebia, dexava descer guela a baixo.
"Antes do tempo estar nas engrenagens do relógio, ele está no canto do galo. Bem antes no giro do sol; antes ainda nos impulsos do Criador."
O GALO
Cantava o galo rico
Na noite a dormir,
Toda ela em lençóis de linho.
Na mansão rica ainda fornicavam
Na adoração do falo
Que empratavam.
O rei cobridor bramia,
Como um gato feito galo.
O galo pobre, gemia,
Sem galo, na noite acordada
Na miséria dos lençóis do nada.
Na casa pobre,
Não havia fornicações,
Só falos murchos
E alguns estrebuchos.
Só gatos e gente que não come
Aos estalos no ar,
Aos murros,
Dando urros
Para afugentar a fome
De mais um dia.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 17-10-2022)
O galo canta, o ar que freme.
É quente desde ruflando pelo… O vento.
Há no horizonte águas, enchentes do mar que invadem e dora o firmamento!
Antes do galo cantar
Preciso acordar
Tomar café
E seguir na fé
De Nossa Senhora Aparecida
Que ilumine a minha vida
Em mais um dia de batalha
A Canção do Galo
Nas primeiras luzes da madrugada,
Ergue-se o galo, com voz afiada.
Seu canto rasga o silêncio profundo,
Anunciando o alvorecer do mundo.
O som ecoa pela vasta planície,
Despertando a vida, como um feitiço.
Entre sombras e raios de sol a brilhar,
Ele canta, incansável, a nos guiar.
O galo canta com força e paixão,
Em sua voz, o poder da criação.
No campo, a aurora começa a dançar,
E a terra, com esperança, vai respirar.
Cada canto é uma história contada,
De tempos que vêm, de eras passadas.
O galo, com seu canto, diz ao céu:
“Chegou o novo dia, o sol é fiel.”
Minha vida é minhas neuras
Na selva do Nereis o galo não para de cacarejar e os pintos a piar... também tem sabiá e outros pássaros a cantar, e as passarinhos felizes bate as asinhas e põe-se a voar... com tanto barulho eu não consigo me concentrar, às vezes tudo isso me enche os pacová...e sem tudo isso eu deixaria de respirar...
Quem te acordou hoje, não foi teu despertador. Não foi teu galo no poleiro. Não foi teu rádio relógio e muito menos o teu celular. Quem te despertou para um novo dia Foi JEOVÁ DEUS. Por isso, deixa um pouco a soberba de lado e o agradeça em nome de Jesus Cristo!
O GALO
Na Cruz principia o sentido do meu canto.
Fiel ao tempo, esta planície que ignoro,
desperto os sinos, os lençóis, a pressa,
o repetido exercício da vida humana.
No último dia, quando se confundirem céus
e terra, ainda estarei ali e levantarei
minha garganta ao Senhor, pedindo a graça
de permanecer em silêncio, sem mais os dias,
sem mais os homens.
em " Poemas do quintal"
Coisas Intocáveis
Pela manhã, canta um galo digital.
O sol reluz numa alamêda infinita.
Café com leite numa xícara quebrada.
Da sacada também vejo a rua inabitável,
Uma porta velha trancada com um cadeado.
Dentro existe uma piscina em desuso
Refletindo a plantação abandonada
Uma criança sorrindo com bolhas de sabão
Em frente de um quadro de bela imagem,
Uma ponte que faz chegar num zoológico
De rosas mal cuidadas e baldias.
Chegando à beira do lago, cena de piquenique:
Pães, frutas e vinho abençoados.
Por uma oração e um girassol bem amarelo.
Duas pessoas satisfeita de mãos dadas
Perdidas por entre o vão da cidade
Que no passado contruiam castelos de areia.
Que agora à beira da praia, tantos reveillons...
Com as mãos murchas lavando os pratos,
Enxugando os pés numa toalha branca
E o colorido a estourar no poder da memória.
Na gravura do tempo o poder da ciência.
Mil experiências coloridas em vidros intocáveis
Que o resultado é uma cor que não existe
Que guardaram num lugar seguro e gelado.
A luz não resiste a escuridão da evolução.
Com esforço, faz sombra na ampulheta que marca mas não vê passar o tempo
Nos fazendo saber que mais um ano findará.
Árvores coloridas, mesa com comida, diplomas e formaturas
Passando nossas vidas com vitórias e agruras
É mágico o tapete do tempo pendurado no armário.
Uma roupa, uma gravata. A porta colada nos retratos
Dos enfeites, perfumes, convites revelados no álbum
De um mundo tão pequeno e valioso
Prendendo nossa história no relógio do calendário.
André Amaral