Futilidade
Desilusão
Deixe de ser bobo, guri!
Foi só um poema do velho Buk cheirando a álcool e "não tô nem aí".
O que eu poderia querer com um cara com pele de peroba, nariz de matar barata e olhos de minhoca?
Ainda que eu me referisse a versos de Drummond, não seriam para ti.
Era só o que me faltava!
Um leguelé de jaqueta de couro e sapatos de verniz! ...
Tenho mais o que fazer, e, gente prosa, comigo não tem vez.
Ah! Eu morro e não vejo tudo.
Vai um Rimbaud aí?
Não?
E um Woolf?
O maior erro da sociedade foi vulgarizar o humor. Era interessante quando ele era uma arte, um entretenimento. Atualmente, fazemos memes de tudo e não levamos nada a sério. Por consequência, vivemos agora em uma sociedade onde as pessoas não suportam a verdade, quando há uma divergência intelectual partem para a pirraça, violência, enfim, para o palco. Acho admirável que ainda se julguem animais racionais, a única coisa maior que a tolice de vocês é, sem sombra de dúvidas, o ego.
Só temos o momento presente, eu gosto de refletir diariamente sobre a morte, pois isto preserva a minha humildade e testa a minha coragem para avançar sem hesitação rumo ao essencial sem desperdiça tempo com futilidades.
Irrelevância
O que é a vida senão uma breve história de uma espécie no meio de bilhões
Que nunca passará de poeira para o universo
Não é capaz de entender sequer por que existe nesse momento
O que esperar de uma vida que perambula num pequeno planeta por no máximo 100 anos?
Não somos nada, ninguém é nada. Nunca estivermos e nem estaremos perto
De nos tornar relevantes para o grandioso universo
Se até galáxias se perdem na imensidão sideral
O que dizer sobre uma espécie que acredita, baseado em um pedaço de carne em uma caixa de ossos, ser racional.
O caráter é a beleza.
A postura é o respeito.
O jeito é o charme.
A estética, a roupa, e o dinheiro não compra a poção mágica só te-venena, seja a rainha da futilidade para homens rasos.
"Admiro os valores de belas pessoas que não tem necessidade de mostrar, e admiro a falta deles nas que não tem e insistem em buscar aprovação"
Admiro os valores de belas pessoas que não necessitam mostrar-se e admiro a ignorância e a falta deles, dos desprovidos, que buscam mostrar a todo custo.
Basicamente, o perfeito não existe,
Então, porque se preocupar com perfeição???
Se essa boba, fútil e lamentável ideia insiste,
Vale sempre lembrar dessa reflexão...
São tantas ofertas de corpos perfeitos que encontramos nas redes sociais, o espelho da sociedade, que o mundo deixou de ser interessante. Não existe mais um diferencial, o que temos é a mesmice de sempre, uma futilidade que impera. Em que momento permitimos que a essência fosse substituída pela aparência?! Será que pela falta de amor próprio, por um ego destrutivo ou por um vazio que insiste em não se curar?!
O mal do século não é a depressão, é a total falta de compaixão pelo próximo
O mal do século não é a depressão. A depressão é a consequência, não a raiz; ela é o fruto da total falta de compaixão pelo próximo. Seja o próximo um amigo, animal, desconhecido, um familiar. Cada dia mais sentimos a falta de emoção, a dificuldade em se emocionar, de enxergar o outro. Percebemos isso até mesmo nas crianças. As pessoas não se emocionam mais tão facilmente. É mais fácil ignorar. Não sobra tempo. E a compaixão vem dos sentimentos. É a forma mais expressiva do amor.
Compaixão não é razão, é emoção, são tripas e vísceras que se contorcem por dentro.
A compaixão vem do coração, do bem-querer. Não existe na compaixão uma rua de mão dupla. É doação.
Sentir compaixão não é sentir pena. Sentir compaixão não é ser politicamente correto. Sentir compaixão não é a gorjeta do garçom ou a esmola do mendigo. Sentir compaixão não é a caridade do dia.
A falta da compaixão traz julgamento, indiferença, depressão, vazio, maledicência, tragédia.
Sim, somos criaturas imperfeitas: erramos, julgamos, ofendemos, magoamos, matamos, mentimos, omitimos, traímos, somos desleais. Falamos muito em Deus, o amor de Jesus por nós, pregamos, ditamos... mas só ficamos na teoria, não praticamos absolutamente nada.
Não podemos exigir do outro aquilo que não somos, que não praticamos nós mesmos.
Eu sei, é difícil se controlar, dominar as palavras, a língua, o impulso. Dominar à si mesmo é a mais dura das missões. Levei boa parte da minha vida para admitir isso e me olhar no espelho e me questionar: "Quem sou eu para julgar? Com que direito eu tinha de ter feito ou dito aquilo?".
Quem é você para julgar? Quem é você para impor seus valores e suas idéias?
Quem somos nós para determinarmos o que é certo ou errado para aquela pessoa? Quem sou eu ou quem é você para apedrejar alguém por seus atos, mesmo sendo esses atos desleais? Quem somos nós, para ao menos, não tentarmos perdoar?
E quase sempre, temos aqueles mesmos defeitos que criticamos. E um dia, quem sabe, cometeremos os mesmos atos de quem apedrejamos. Senão nós, nossos filhos, netos...
Algumas pessoas se acham no direito de controlar nossos sentimentos, nossas vidas, nossos gestos. É mais conveniente ser bom moço, ser politicamente correto, aderir à massa, para sermos aceitos e respeitados. Usamos máscaras para podermos viver em harmonia e em sociedade. Tratamos o outro como mercadoria. Um vale mais do que o outro. Um importa mais do que outro. Eu ajudo um mais do que o outro. Pisamos e esmagamos no coração do outro. Levamos e trazemos informações. Ignoramos a tristeza do outro, dizemos que sua depressão é frescura, é preguiça, não nos importamos. Mas nos lamentamos diante de um caixão.
Se exercitássemos a compaixão, enxergaríamos a vida e veríamos o próximo com menos arrogância e mais afeto. Desceríamos de nosso castelo de cristal e não prejudicaríamos e nem sentiríamos o sádico prazer em fazer o mal, em prejudicar alguém. Nunca é tarde para recomeçarmos e estendermos nossas mãos. Oferecer nosso ombro. Algumas pessoas tomam as rédeas, outras, esperam. Tudo a seu tempo. Tudo se ajeita.
Mais do que se solidarizar com o próximo, a compaixão transforma você, te faz uma pessoa mais humana, menos egoísta, desprendida de materialismo, de soberba, te afasta da ostentação fútil, e o principal, enche de VIDA, de paz e esperança os dias de alguém.
A compaixão tem poder. E o maior poder que ela tem é o de salvar vidas....
Autora: Aurilene Damaceno