Funeral
A vida é um relógio acelerado na parede. As vezes o som desse tic-tac funeral invade meu espírito e tenta me jogar para cova.
FUNERAL
Quando eu morrer, atenção
É do mar o rumo da cidade
E não o cerrado a direção
Saudade
As mãos enterrem em Madureira
O coração levem para Ipanema
Na Coelho Neto a alma por inteira
Suprema
No aterro joguem a minha admiração
E meu sotaque mineiro anexado
Na Igreja da Glória, minha oração
Largo do Machado
Os ouvidos deixem na São Salvador
Degustando os chorinhos de domingo
Sepultem a cabeça na pedra do Arpoador
Gringo
Na "SAARA" depositem minha ambição
Em Botafogo os olhos na sessão de cinema
Do Redentor as cinzas que restaram
Poema
O juízo abandonem aos seus
Que desvivam como viveram
Assim seja, o espírito em Deus
Adeus
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
09/04/2016, 18'00"
Cerrado goiano
(Parafraseando Mário de Andrade)
Quando um escritor não sente mais a necessidade de amar escrevendo, pode preparar o funeral porque esse amor realmente morreu!
Se você é daqueles que só pensa em dinheiro, coloca na conta também as do seu funeral.
Uma vez que já está em pranto mesmo.
Os funerais não são para os mortos, mas sim para os vivos. Os vivos é que precisam desse dia, eles é que precisam de se despedir, de honrar/homenagear a alma e a vida da pessoa que morreu, eles é que "carregam" todos os sentimentos e os arrependimentos de uma vida. Então valorize quem você ama, enquanto ele ainda está vivo ao seu lado, porque quando ele se for inesperadamente, não verá suas lágrimas, pedido de desculpas e nem seu EU TE AMO.
Você se foi
Tudo parecia tão frio
Desde quando você partiu
Parecia mais um dia normal
Mais sua falta realmente me fazia mal
Você se foi sem explicação
E feriu meu coração
Eu tentei te procurar
Mas nada pude encontrar
Você estava ao meu lado
Agora estou arrasado
porque você se foi ....
e não vai voltar !
Estou agora em meu lugar
E ela esta em meu funeral
Ela pagou o tempo perdido
Dessa vida sem sentido
Ela busca alegria
Mas só lhe resta agonia
Ela esta arrependida
Ela busca uma saída
Agora tudo parece frio
Ela esta a um passo do abismo!
A vida... É um comboio
as paragens são os anos
nos somos os passageiros
ao logo da jornada
cada um de nós desce em uma paragem.
Alguns descem mais cedo...
outros avante. Mas todos descem.
Neste comboio, o que importa é o que fizemos
para marcar a vida das pessoas
se as fizemos sorrir, chorar...
se as alegramos ou as machucamos
tudo importa.
porque quem morrer é aquele que é esquecido
e quem é lembrado, jamais estará morto.
Sermão de Adeus
A vida é um eterno sepultamento.
Imenso mar de precipícios
Carrossel de despedidas
Girassol de funerais.
Viver é resistir
Existir é suportar
A quem não admira o declínio,
a vida só poderá machucar.
Um discípulo, disse a Jesus: «Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.»
Mas Jesus lhe respondeu: «Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos.»
Mt 8, 21-22
Disse Jesus: "DEIXEM QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS PRÓPRIOS MORTOS".
Para Cristo, os que preparam o funeral ou enterram o defunto são em sua maioria "mortos" porque não nasceram para a verdadeira vida. A verdadeira vida não está neste nosso mundinho onde passamos no máximo, em torno de 100 anos, mas em uma vida espiritual que não tem fim e em contínua evolução. Em outra passagem do Evangelho Jesus dirá a um admirador seu que o seguia às ocultas: "Importa-vos nascer de novo. Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus". Alguns interpretaram essas palavras como se Jesus falasse de reencarnação, mas fico com a corrente que prefere ver nessas palavras um chamamento para renovação mental. As palavras acima do Cristo é um ponto de encontro com o Budismo que ensina que estamos "dormindo" e é preciso acordar. E nesse sentido o Apóstolo Paulo faz um apelo aos cristão usando as seguintes palavras: "Acorda, ó tu que dormes! Levanta de entre os mortos e Cristo te iluminará". Podemos dizer também que todo aquele que não se conhece tem uma visão ilusória de si mesmo e neste estado é como se estivesse dormindo e sonhando. Despertar é conhecer a si mesmo. Conhecer a si mesmo é renascer. E conhecer a si mesmo no mais profundo do seu ser é reconhecer que é filho de Deus é traz em si uma centelha divina do seu Criador.
Que neste dia de Finados todos despertem para a verdadeira vida.
Um dia eu vou bater as botas.
E talvez neste dia você lembre das coisas que vivemos juntos,
de tudo que eu te disse e senti por você.
E talvez neste dia você fale a si, mesma, chorosa:
tadinho do Augusto Branco, gostava tanto de mim,
e eu nunca dei pra ele...
= Pois é. Tá em tempo.
3. Pés
Num velório vi pés
Pés vivos
Pés mortos
Passos rápidos
Passos lentos
Passos rastejantes
Passos desfilantes
Passos e mais Passos
Sorviam à minha vista
De cabeça baixa num velório
Vi pés
...
Pés de pobre
Pés de rico
Pés inchados
Pés sofridos
Pés rachados
Pés delicados
Pés descalços
Pés calçados
...
Num velório vi pés
Que sustentam corpos
Pés que direcionam à caminhos.
Pés que correm
Pés que tropeçam
Pés que caminham devagar
Pés de corça
Pés que pulam
Pés traiçoeiros que dão rasteiras
Pés teimosos
Pés inquietos
Pés de criança
Pés de velho
Pés de princesa
Pés de senhora
Pés vi muitos pés
Não sabem que um dia toparão com ela?
- Passos da morte.
Intrusa traiçoeira insiste
Em cruzar existências
Toldar caminhos
Interromper belos ou sofridos Passos.
Andem! Corram! Dancem! pensava eu;
Num velório de cabeça baixa
Eu via pés.
Momentos como este sempre nos levam a profundas reflexões. Ao olhar para o percurso de nossa vida, só consigo imaginar uma grande pipa voando, exibindo todo o esplendor de seu voo, com uma longa rabiola cuidadosamente feita de sacolas de mercado. Amigos que se reuniam para construí-la, com o propósito de mantê-la o mais alto possível. No entanto, o infortúnio é saber que, ao longo do voo, pequenos pedaços dessa fita irão se soltar, rasgar e desaparecer, até que, eventualmente, a sua própria pipa não conseguirá mais voar.
Essa reflexão me faz compreender que as pessoas que cruzam nossas vidas são como essas fitas amarradas à linha da rabiola. Para chegarmos onde estamos, muitas pessoas, seja no início ou no final dessa linha, contribuíram para o nosso voo, fizeram parte da nossa trajetória. Muitas vezes, não notamos, mas pequenas atitudes dessas pessoas — de partes da rabiola que nem sequer vimos — foram fundamentais para nos sustentar, seja nas tempestades mais difíceis ou nos céus mais límpidos.
Não reclame da sua vida, tem momento que você mesmo sem recursos, vai andar de carro, com conforto, sem se preocupar com a conta!
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