Fui
“Fui menino, moço, morto e agora transitório, também fui louco, sonhador e agora busco o que ainda não fui.”
Giovane Silva Santos
fui agraciado pela imortalidade, um dom que só me levo pro abismo profundo, há sombra da solidão, viver uma eternidade é bom mas também ruin pelo fato de vivência toda vez a perda das pessoas que amamos
Meus amores, todos, foram guerras
Contra exércitos inteiros
E eu sempre fui um Espartano:
Findava morto, jogado às traças
Mas com uma sensação honrosa
De dever cumprido.
Não sei quem fui, não sei quem sou e tão pouco sei o que serei, mas deixo aqui você também pensar, imaginar e poder classificar aonde poderei chegar.
O som das ondas
Hoje, num fim de tarde, fui ao encontro do mar.
As ondas quebravam nas pedras;
no meu rosto salpicava a maresia
e o sereno quebrava o meu cansaço.
Eu admirava aquele arrebol e seguia a orla,
então o som da rebentação das ondas me pareceu mais belo
que toda canção já escrita.
Sanava o gume de meus fracassos;
'curava' amores entalados cá dentro,
na alma.
Quando a noite, enfim, ascendeu,
eu queria viver.
Na beira do abismo
fui me deixando,
emagrecendo de viveres,
de pesadas lágrimas.
Fui deixando rolar pela encosta
minhas amarguras,
tristezas e decepções.
Fui me esvaziando,
fiquei somente com abraços,
sorrisos e suaves beijos,
Então me lancei,
em vez cair
flutuei no ar
de tão leve que estava.
E me fiz pássaro...
Rudimar J M Zimmer
Eu já fui mais forte com relação a sentimentos,hoje eu me sinto mais vulnerável a esse tipo de emoção sentimental,não sei se nunca amei de verdade ou se só agora estou começando a conhecer o verdadeiro prazer de amar alguém,por isso,começo a entender o porque de tanto sofrimento e ainda assim,é impossível não te amar.
Gosto do meu "eu".
Vivo bem em mim.
Não procuro exibir o eu que nunca fui...
Gosto de quem sou.
Vivo no meu ser.
Minha alma flui o que há de bom em quem eu me tornei.
Se ganho sorrisos,
Sorrisos eu dou;
Se me menosprezam,
Finjo que nem vi.
Minha alma lavo em cada amanhecer.
Relacionamento alheio nada influi em mim.
Minha meta é viver o que há de valor,
pois de "preço", o mundo está cheio.
Sempre fui intenso em tudo até descobri a consistência, nunca conseguia resultados a logo prazo, sempre a curto e ainda por cima com baixa qualidade. Depois, que vi e experimentei o poder da persistência foi como uma droga para mim. Não, consigo deixá-la, porque o prazer em se conseguir a longo prazo é indescritível. É saborear a vitória depois ter esperado tanto.
Já fui acometido pelo cansaço que desencoraja
os sonhadores.
Mas sou movido por uma teimosia e uma vontade
de realizar, que me põe de pé todas as manhãs !
Ontem fui caminhar sozinha à beira-mar. O entardecer estava curiosamente especial, o sol levemente me tocava a pele com seu calorzinho, e o vento trazia um frescor necessário para manter a temperatura agradável. É interessante observar as pessoas correndo, caminhando com seus cachorros, jogando vôlei na praia, deitadas na areia tomando uma cerveja, ou lendo um livro. As crianças brincando como se não houvesse amanhã. Sentei-me em meio às pedras para escutar o mar, as ondas quebrando nas rochas, e senti aquele momento, à paisana com minha solidão. O que será que ela poderia me dizer daquela experiência única da minha vida?
Foi quando algo no mar me chamou a atenção. Um pássaro se divertia mergulhado no oceano. Apesar de poder voar, ele se permitiu estar em meio aquele plano. Analisei e senti profundamente aquele momento. Ele, inteiramente sozinho, não havia nenhum outro pássaro por ali, mergulhava e depois voltava a colocar sua cabecinha para fora. Talvez procurando por algum peixe, ou somente para se divertir em meio às águas, parecia tão entretido em seu objetivo. Às vezes, vinham ondas bravas e o mar ficava mais revolto, às vezes ele somente ficava a boiar no mar tranquilo. E mergulhava e voltava. Por alguns momentos se permitiu ir mais longe e mais a fundo, e às vezes voltava próximo às pedras para se assegurar de não se perder no caminho. Ele parecia tão despreocupado, tão sozinho, mas tão cheio de vida, apenas sentindo o movimento do mar, a dança das águas, e o entardecer a chegar. Poderia ficar por horas ali, só a observar.
Foi aí que parei para pensar. Alguns animais vivem suas vidas inteiramente solitários, como é o caso do lobo-guará, do urso polar, ou do ornitorrinco. Aquele pássaro poderia até viver em bando, mas naquele momento permitiu-se cuidar de si mesmo sozinho, a se aventurar. De vez em quando, a vida irá nos trazer momentos assim. E é preciso parar para refleti-los, pois acredito que a vida nos traz aquilo que realmente estamos carecidos. É preciso colocar nosso barquinho no mar, e passar pelas tempestades, fortes ondas, ou aproveitar os momentos de calmaria. Em nossa própria companhia. É preciso descobrir-se em nossa profunda força, nossa inteligência e capacidade de nos cuidarmos, e de nos revelarmos a nós mesmos como seres únicos e singulares que somos. Gostamos de cuidar dos outros, mas é tão difícil cuidarmos de nós mesmos com o objetivo de exclusivamente nos agradarmos de nós. Estamos sempre precisando de um motivo exterior, ou de um movimento de outrem, de um elogio, ou incentivo, estamos sempre querendo dividir-nos. E assim, nunca nem nos construímos, nunca nem escutamos as nossas próprias necessidades, ou o nosso próprio coração. Vivemos, muitas vezes, aos pedaços, ou levados pelo deslocamento das multidões. É necessário nos entretermos de nós mesmos, rirmos de nossos tropeços, ou nos alegramos de nossas vitórias. Sem precisar dos aplausos de alguém, pois duas mãos já podem se tocar e produzir o som de nossa própria aprovação. Mergulhados em nosso mar de solidão, podemos traçar nosso próximo plano de voo, mais direcionados e conectados com o profundo de nosso próprio coração.
~Mulher~
Sou guerreira
Trabalhadora
Sou mãe
E mulher
Já fui espancada
Já fui humilhada
Já fui estuprada
Já fui escravizada
E assediada
Já fui até obrigada a brincar com meu casamento
Me disseram que o mundo era monstro
Teria que sempre voltar sempre mais cedo
Me disseram para cuidar apenas da casa e dos filhos
E que teria que me encaixar em padrões absurdos de beleza
se não nenhum homem me cobiçaria
Aos poucos vou ganhando espaço e direitos mas ainda tem muito o que mudar
A alforria já nos foi dada
Mas a escravidão nunca nos libertou
Ser mulher não é ser submissa
Meu cabelo é roupa curta não me faz menos mulher,
Liberdade para ser e igualdade para ter
os direitos de uma menina que se tornou uma grande mulher...
Hoje fui à janela:
Peguei todas às minhas coleções de sonhos que guardava e joguei pros ares, o que for realmente meu, o universo me devolverá.
Confesso ...
.
Confesso que sinto falta
De quem um dia eu fui
Do tanto que fui capaz de fazer
As pessoas que puder ouvir
Os conselhos que pude oferecer
.
Sinto falta
De quando era capaz de sorrir
Na madrugada ou qualquer lugar
Aquela gargalhada gostosa
Poder soltar
.
Sinto falta
Saudades
Penso e repenso que poderia ter sido diferente
Uma escolha ou pensamento, talvez
.
Tudo que passou
Virou história, virou lição
Aprendizado que não se toca com a mão
É a lembrança para se guardar no coração
.
Preciso sentir falta
Daquilo que ainda não vivi
Das que pessoas que ainda conheci
Das poesias que não escrevi
.
Novos sorrisos para abrir
Capítulos novos a escrever
Confesso sim
A vida segue em frente
Com várias vírgulas, algumas pausas
Mas longe ainda do seu ponto final.
.
~ Henrique Ferreira - @dullcesilencio
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REQUIESCAT IN PACE (soneto)
O amor é apenas uma negativa
Se eu um dia com ele já fui teu
Omitamos está outra alternativa
Pois, desta, o nosso já morreu
Ah! Porque alegação subjetiva
Nada mais em mim sobreviveu
Se hoje o senso está à deriva
Não és meu bem nem eu o teu
Não diz nada, se ali amamos
Nossas almas estão separadas
Não lembres mais, esqueçamos!
Deixemo-lo ir repousar em paz
As lembranças estão enterradas
E no coração, hoje, é tanto faz! ...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando