Fugir de Si Mesmo
A vida é um viajante que deixa a sua capa arrastar atrás de si, para que lhe apague o sinal dos passos.
No coração humano, os prazeres não mantém entre si as relações que os desgostos aí conservam; as novas alegrias não fazem renascer as antigas, mas as dores recentes reverdecem as outras.
Observamos que todas as nações, tanto as bárbaras como as humanas, embora tão distantes entre si no espaço e no tempo, conservam estes três costumes humanos: todas têm alguma religião, todos contraem casamentos solenes, e todas enterram os seus mortos.
A castidade, além de ser em si e virtualmente uma coisa boa, tem ignorâncias anatómicas e inconscientes condescendências com as impurezas alheias.
É agradável quando seres iguais se unem, mas é divino quando um grande homem eleva para si quem é inferior a ele.
Somos tão avaros em louvar os outros homens, que cada um deles se crê autorizado a louvar-se a si próprio.
Todos aqueles que devem deliberar sobre questões dúbias devem também manter-se imunes ao ódio e à simpatia, à ira e ao sentimentalismo.
Onde os homens se persuadem que os governos os devem fazer felizes, e não eles a si próprios, não há governo que os possa contentar nem agradar-lhes.