Frio
Tenho medo de gostar demais do frio. Sabe quando se sabe que no fundo, bem no fundo, há um vácuo de razões, tão vasto, que a gente mal consegue olhar? No fundo de nós há sempre um precipício, e talvez eu esteja lá, deitada, olhando estrelas como sempre faço.
Depois de várias quedas,
vários erros, vários tapas na cara da vida, você se torna frio. E é aí que tudo começa a mudar.
Porém, mesmo você rindo de mim, eu só conseguia te olhar com ternura, e por mais frio que estivesse, quando eu deitasse do seu lado, você me olhava com paixão e calor. O que me aquecia desde a pontinha dos dedos do pé, até dentro de mim toda. E assim passou noite após noite, brigas por posse de cobertor, olhares cheio de calor, piadinhas no meio da noite, tudo isso recheado de amor...
Desci as velhas escadas, sentindo a corrente de ar frio balançando meus cabelos, uma sensação de tontura e bem estar. Logo vi seus olhos me fitando. Sorri internamente. Pegou uma de minhas mãos largando um papel, me olhava atento quando saiu. “Beleza ousada, olhos com incógnitas, atrevimento lhe pedir uma chance?” Saí, meus olhos lacrados, gritos ecoavam em minha mente e a limpeza de minha alma tinha ido embora. Ainda me visava de longe, se moveu em um sinal que me fez entender: Eu tinha um dia.
Depois dele, tá difícil achar alguém que me deixe com frio na barriga e acelere meu coração com um simples oi.
Adoro o frio, mais não pela frieza que causa.
Eu adoro o frio porque só ele me faz esquecer que quando você não está aqui, é a frieza daqui dentro que é maior.
Não penses que preciso de alguém, pois eu tenho!
Só não o prendo, só estou esperando ele enxergar que eu sim sou a unica que o amo de verdade.
Eu queria ter dúvida, mas é o frio na barriga que me responde quando você vem na minha direção. É o seu olhar que me persegue mesmo quando eu vou na contramão. Você me encara enquanto eu olho pro nada, contando o meu dia chato e medonho. E você olha tão fixamente que me assusta, como se quisesse enxergar o que nem eu sei onde fica. Mesmo querendo ser mistério, pra você sou transparente, diferente de tudo que já vi. Queria duvidar dessa vontade de te querer, mas é quando não posso me aproximar que tenho mais certeza dessa loucura toda. Vontade de levar teu cheiro pros meus sonhos, de colar sua mão na minha cintura, de ser o seu primeiro bom dia, vontade que dá e não passa. E eu queria ter dúvida dessa loucura, sem culpa, sem cura. Mas enquanto o coração pede bis, os dias passam trazendo pra perto o final com a incerteza do "feliz".
Você estará lá…
Quando eu cair?
Você estará lá…
Quando o meu coração se torna frio?
Você estará lá…
Quando eu cair…
Para o fundo do poço
Você estará lá…
Para me tirar?
E quando eu estiver…
Lá…
Você descerá…
Para me salvar?
Você estará lá?
Estará?
Passou o outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?
Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...
Onde ides a correr, melancolias?
- E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...
Odeio quando você é frio comigo. Odeio seu jeito convencido e exibido. Odeio quando fala de outras meninas para mim. Odeio quando você se acha melhor do os outros. Odeio quando está triste, odeio te ver triste. Odeio suas piadas irônicas. Odeio como fala comigo, e os apelidos ridículos que você coloca em mim. Odeio o fato de não perceber que o que faz às vezes é ridículo. Odeio quando não está por perto, e o fato de não falar comigo. Odeio como quase sempre está certo. Odeio como você me canta. Odeio como você me faz sentir apaixonada por você. Odeio o fato de todos meus amigos te adoram. Odeio quando me sinto tentada a dizer o que sinto por você. Odeio quando você diz que me ama, pois sei que não é verdade. Odeio saber milhões de garotas o amam. Odeio saber que também te amo, da forma mais louca, normal, tranqüila e desesperada.