Fria
Tardes vazias
Nessa tarde vazia e fria
Meu coração aperta
E a minha mente esvazia
Para aquecer, puxo a coberta...
A saudade vem me visitar
Sempre que olho essas fotos penduradas
Não há como evitar
Essas lágrimas derramadas
Sinto tanto essa falta
Essa função perdida
Uma dor que ressalta
A cada lembrança revivida
A dúvida da culpa
Atormenta o pensamento
Uma razão oculta
Que se transformou nesse sofrimento
Mais uma perda sofrida
Causada pela separação
Arrasando uma vida
que ainda estava em recuperação
Toda tarde agora é vazia
Com essa ausência
Faltando nossa alegria
Restando apenas essa carência
Minha vida ficou despedaçada
Duas partes foram arrancadas de mim
Uma falta jamais superada
Essa dor que nunca terá fim!
Tu
A luz é tão intensa que lhe queima
A escuridão é fria, e lhe conforta
Mostra-lhe a porta
Energia, em alguns momentos, independe do que a constitui
Solitude lhe fere e cicatriza
Sangra os venenos da falsa presença
Ausentar-te com tuas dores e compreende-las
Antes que lhe envolvam e te faça refém
Daqueles que vivem como convém
Esvai-se o poder de encarar a realidade
Conformidade, o vil valor
Mas as algúrias da carne ainda os encontram
Pungindo os tecidos repletos de auto-amor
Enquanto escondem aqueles que já se tornaram invisíveis
A noite está fria e chuvosa...
Ah como é triste ficar sozinho.
Depois que ela foi embora e me deixou,
Fique sem seus abraços e sinto falta de carinho!
O hálito de uma noite fria e calada,é uma ungida manifestação para uma raivosa mente ,que clama o simples silêncio, de seu ensudercedor ser!
Na noite fria, tua voz me chamou
E pelas ruas eu fui em busca de sonhos perdidos
A lua mergulhando em minha direção
E eu me perdi em sentidos floridos
As luzes coloridas brilharam intensas
Clarões sustenidos tocaram em suas entranhas
Eu segui pela estrada, olhando capelas em ruínas
Mas só ouvi os tristes sinos das cafetinas
Encontrei amores, criaturas de brisa indecisa
E levantei fogo em devassa e vulcões em brasa
Um rosto meigo se insinuou na escuridão noturna
E você apareceu, minha musa taciturna
O afeto das estrelas testemunhou nosso encontro
Despertando os filhos da tempestade que semeiam sem piedade
O amor sem destino, a invisível ansiedade
Esperei o sol para te conhecer
Mas não quero pensar na luz do amanhecer
Apenas no resplandecer da paixão que nos fez renascer.
Ouvi dizer em uma noite fria
Em uma roda com fogueira lá no interior
Sobre um casal que raramente se viam
Mas no coração morava o mais profundo amor
Ouvi dizer dos seus segredos guardados
Coisas que somente eles sabiam
A distância mantinha os apaixonados afastados
E quase ninguém sabia que se conheciam
Faziam planos pra um futuro indecifrável
Sonhavam com um encontro improvável
E resistiam à saudade incontrolável
E quem contava o conto de repente chorou
Quando uma brasa da fogueira ao céu se levantou
Viu uma estrela cadente passando e um pedido ao luar bradou
Estrela vá de encontro a quem aqui não vem
Diz que em breve eu a levo comigo
E o que parecia ser um castigo se tornará nosso maior bem
E quando aquilo que eu peço toda noite virar realidade
Sairei como um louco pela cidade
Agradecendo a todas as estrelas pela cumplicidade
Nessa noite fria e o vento ao meu ouvido sussurrando.
Meus pensamentos em você mais uma vez me tira o sono.
Lembranças vem como um tapa na cara, mais as marcas ficam no meu peito.
É a minha maior tortura quando repouso no meu leito.
Em uma insônia danada, a angústia me sufoca.
Tenho todas as perguntas, mais não possuo nenhuma resposta.
O amor é estranho, é o que há de mais esquisito.
Mesmo quando nos faz sofrer, ainda é o sentimento mais bonito.
Espero que essa noite passe, e leve com ela essa solidão.
E que pela manhã seja a alegria que bombeei o meu coração.
Com esse pensamento em minha estrada seguirei.
Mesmo que as vezes machuque eu sei, sem o amor nada serei.
O INTRUSO
Batia no vidro frio,
Da janela fria.
Batia.
Como que a medo
De revelar um segredo
Porque ali estava
E instava.
Abri a janela,
Singela.
Corri-a de par em par.
Ele, entrou radiante,
Com passo frio e distante,
Como que a querer mostrar
A alteza do seu rol.
Era o sol,
O de inverno,
Que já me foi de inferno
Em dias de verão,
Nesta janela da escuridão.
Só eu,
Triste plebeu,
Bato a tantas janelas
De tantas capelas
De santos de milagre,
Mas ninguém mas abre!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 03-01-2023)
POESIA FRIA
Que fria,
A minha poesia…
Até parece que no meu inverno
Interno,
Ela deveria
Hibernar
E ficar
Sempre naquele letargo,
Sem me dar o amargo
De continuar
A enregelar
Corações
Quentes,
Amantes
Diferentes,
De outras poesias
Menos frias
De emoções,
Porque a minha,
Coitadinha,
Tão mesquinha,
Vive só de ilusões.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 15-02-2023)
Numa manhã fria de maio,
em casa do poeta Evan do Carmo,
nasceu a poesia.
Nasceu à revelia
do poeta e da musa
Ruiva de cor e de olhos negros
deram-lhe o nome de felicidade
contudo, poderia se chamar
Giovanna ou Beatriz
Nasceu com enfado
nasceu com preguiça,
mas nasceu sorrindo
não como outrora
a Ninfa nasceu feliz,
não nasceu chorando
como a poesia de Hamlet,
E por que isto se deu?
É que a loucura humana
em celebre audiência
encontrara-se à noite com a lucidez
firmaram um acordo solene
e tiveram como prova a consciência
doravante viria ao mundo
apenas filhos saudáveis
pois o mundo se rendera tardiamente
à carência da cultura e à indigência.
Em desespero noturno
busquei a minha alma
que um dia perdi
sem perceber
numa noite fria
quando ouvia Wagner
as notas valquirianas
embriagavam-me
depois de duas taças de Merlot
soube que esta é a sua cota diária
então, quando a poesia não mais me queria
soube que a musa de apolo me olhava
pelas frestas dos buracos de Einstein
de outra dimensão, surgiu o fio de ariadne
assim a poesia se fez verbo em mim
eu, que outrora mudo não sabia
que no amor platônico de amigo
a mante de fato existia.
Sabe aquelas guerras antigas? Guerra Fria, Guerra ao Terror. Sabíamos com quem estávamos lutando. Mas agora o inimigo é invisível.