O que dizer das suas
palavras se eu posso ouvir
além do seu som.
QUADRAGÉSIMO OITAVO HEXÁSTICO
Olhar-se profano no caos
saber-se da vida princípio
sugere ao poeta o universal:
ser agora transvalorado
senhor do totem sagrado
livre do veneno moral
Saudade
Toda saudade é bonita;
Inexiste saudade feia;
Em nossos corações ela habita,
faz passagem na mente que vagueia;
Acompanhada de um longo suspiro;
São meus castelos de areia.
Cheirinho de barro
no vento das folhas secas —
Respiro tranquilo
Ando tranquilo
na rua dos Ipês-rosa —
Bom voltar pra casa
A neve a brilhar
enfeita todo o telhado —
Pingos na varanda
Brancura invernal
ofusca os olhos que assistem —
Horizonte calmo
Frio matutino —
Celeiro desperta cedo
com galos em rinha
Neblina dourada —
Aguardo o momento certo
pra mover a sombra
Cata-vento gira
e a mente custa a lembrar —
Vida passageira
Princesa do lago
dentro do sol de verão —
A carpa real
Cerração lá fora —
Chinelos em formação
igualdade una
Dentro do tori
céu e lagoa se enquadram —
Perfeita harmonia
Inverno remoto —
Vivo o momento presente
com katana em punho
Céu azul profundo
do lago faz o seu espelho —
Paisagem perfeita
Folhas secas caem
por entre os raios de sol —
Estrada forrada
Mar de primavera —
Miyagima sempre linda
dentro do tori
Descanso de pé,
relembro dias passados —
Sorriso na neve
Flores vermelhas —
Um bouquet se sobressai
sozinho no galho
Agosto chega —
O vento toca o trigal
colheita está perto
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