Frases de Olavo de Carvalho
Quantos brasileiros vocês conheceram que assumiam o esforço de tornar-se pessoas cada vez melhores, do ponto de vista moral e espiritual, como sua missão mais importante -- ou única -- na vida? Eu só conheci um. E no meio jornalístico nunca vi nenhum que sequer concebesse, mesmo de longe, essa possibilidade.
No Brasil, há tempos não existem pensadores originais, nem mesmo no nível da mera crítica cultural. Cada um que aparece fala em nome de algum grupo e dele obtém seu prestigio. Por isso o único tipo de interpretação que esses sujeitos são capazes de efetuar consiste em responder à pergunta: 'Para quem ele trabalha?'
Entre os anos 50 e 60, um estranho fenômeno se apossou da música popular brasileira.
Cansada de passar humilhação ante o coro inumerável de vozes maravilhosas da canção americana -- Elvis Presley, Tony Bennett, Frank Sinatra e não sei mais quantos --, a turma do nosso show business teve a reação inevitável dos complexados em desespero:
''Não é só a História, com maiúscula, que tem ironias. Também as têm a história miúda das patifarias: Os Civitas começaram fazendo fortuna com os produtos de um notório anticomunista -- Walt Disney -- e, assim que se viram com os bolsos cheios de dinheiro, se tornaram glorificadores de comunistas.''
O anticomunismo está proibido na mídia, nas universidades, nas Forças Armadas e no Congresso. Onde quer que apareça, é rotulado de 'extremismo' e acusado de crimes hediondos. O comunismo, por seu lado, é tido como uma espécie de humanitarismo, culpado tão-somente de ingenuidade juvenil.
Isso é o que todos os canalhas chamam de DEMOCRACIA.
Na lista das minhas obras inéditas, nem incluí, para evitar discussões extemporâneas, os seis volumes do 'Tratado de Astrocaracterologia', que, ao contrário do que imaginam os palpiteiros ignorantes, não é uma obra 'de' astrologia (nunca escrevi uma) e sim 'sobre' astrologia, uma obra de filósofo e não de astrólogo.
Sou o primeiro escritor que, na história do mundo, se tornou slogan em protestos de rua. Depois disso, querer uma vaguinha em ministério seria humilhação.
Também fui louvado pelos gigantes e achincalhado pelos pigmeus -- Ives Gandra e Paulo Bundadelli, por exemplo -- o bastante para entender que minhas obras não são para qualquer zé-mané.
O sujeito achar que um diploma de filosofia pela USP faz dele um filósofo é uma idéia tão idiota quanto imaginar que um diploma de História da Pintura faz dele um pintor. Nem um único filósofo foi jamais formado pela USP ou por qualquer outra universidade brasileira e, pelo andar da carruagem, jamais o será.
"O que se chama de filosofia em muitas universidades, especialmente no Brasil, é a convicção de que não existe realidade nenhuma e tudo é construído pela linguagem. [...]
A sofística, com o nome de 'desconstrucionismo', é o que hoje ostenta nos documentos oficiais o nome da sua velha inimiga, a filosofia."
"Um evolucionismo conseqüente teria de explicar-se a si mesmo como etapa da evolução, mas para isso seria forçado a abdicar da pretensão de veracidade literal e consentir em ser apenas mais um símbolo provisório depois de tantos, sujeito, como todos eles, a converter-se no seu contrário mais dia menos dia."
A tensão entre a independência individual e a participação numa comunidade de inteligências afins é um dos traços mais constantes da História ocidental. [...]
O equilíbrio dinâmico esboroa-se, porém, quando a atividade intelectual e criativa se padroniza ao ponto de identificar-se com a participação numa determinada categoria profissional.
A tentação dos temas vastos e abstratos revela amadorismo, despreparo, presunção juvenil e esterilidade. Nada do que se vem publicando com esse espírito sobreviverá na memória das próximas gerações, por mais que seus autores se badalem uns aos outros até o limite da demência megalômana...
"George Steiner observa que poucos seres humanos são tão abertos à tentação da violência, da crueldade e do totalitarismo quanto aqueles que vivem protegidos no ambiente artificial e burocratizado das universidades, incapazes de imaginar a 'vida real' senão como inversão truculenta de uma paz que receberam sem esforço."
"A irreversibilidade do tempo é o dado MAIS SÉRIO da existência humana, o único em cima do qual se pode criar uma vida responsável e significativa.
Como dizia Georges Bernanos, só os covardes acreditam que se pode 'recomeçar do zero'. E, como dizia George Steiner, 'O passado nunca morre. Aliás, nem passa.'"
"Denomina-se 'ideal' a síntese em que se fundem, numa só forma e numa só energia, a idéia do sentido da vida e a do preço de sua realização: diz-se que um homem tem um ideal quando ele sabe em qual direção tem de ir para tornar-se aquilo que almeja, e quando está firmemente decidido a ir nessa direção."
O ideal é a bússola que assinala para a alma uma direção firme e constante por entre as incertezas. Por isto, o sentimento de insatisfação, de vazio e de tédio que experimentamos quando traímos ou esquecemos o ideal é o sinal de alarme que nos permite corrigir o rumo e reencontrar o sentido da vida.
Se o sentido é aquilo a que se orienta a nossa vida e a que ela tende com todas as suas forças, então, deve estar colocado num outro tempo ou num outro espaço que não os do presente e do imediato num futuro ou num plano mais abrangente de realidade. O ideal é a presença deste futuro no presente, deste outro espaço no aqui e no agora.
A exaltação imaginativa é um estado em que a mente, embevecida com o seu ideal, se identifica mais ou menos inconscientemente com ele e atribui a si as perfeições que a ele pertencem, como se já as tivesse realizado. [...] O exaltado toma o potencial por atual, imaginando possuir as perfeições a que aspira.
Uma sociedade voltada para a busca de um ideal religioso, moral ou cultural universal, e dotada dos instrumentos educacionais capazes de viabilizar a realização humana de seus membros, produz, certamente, uma esplêndida floração de individualidades vigorosas e ricas que, por sua vez, contribuem para o progresso e o brilho da sociedade.
A inteligência enquanto tal, na plenitude das suas funções, não pode ser substituída por uma das suas variedades em especial sem que o quadro cognitivo inteiro seja deformado, assim como a saúde do corpo enquanto totalidade não pode ser substituída pela mera integridade de um órgão em particular.