Frases de Olavo de Carvalho
Nossa consciência tem um centro vital, localizado no miolo do coração, inalcançável pelo mero 'pensamento'. Ele domina os opostos como o jovem Mercúrio segurando as duas cobras e, entre as contradições e perplexidades da vida, orienta o pensamento que, em vez de se afirmar como soberano, consente em obedecê-lo docilmente.
Atenção, políticos estreantes (e alguns veteranos): Nunca, nunca, nunca se ponham sob o julgamento de platéia, nunca tentem 'dar boa impressão'. Política não é concurso de simpatia, é duelo de vontades. Quem vence não é o mais bonitinho, é o mais forte, o mais seguro de si, o mais ativo intelectualmente, o mais rico em golpes inesperados.
A doença política do Brasil é a condensação de um handicap cultural crônico, a pequenez da alma e o estreitamento do imaginário ante a complexidade da existência. Os brasileiros vivem citando Fernando Pessoa, mas não tiram de um de seus versos a conclusão mais necessária e urgente: Nada vale a pena quando a alma é pequena.
Para que surja um amor verdadeiro, é preciso que a imagem integral e concreta de um ser humano, tomado na totalidade do seu destino biológico, histórico e espiritual, se imprima na alma de outro ser humano. Não basta que a carne de um impressione a carne do outro. O impacto da imagem carnal provém exatamente de que ela é abstrata.
Tudo o que eu quis na vida foi ampliar o horizonte de consciência de alguns milhares de pessoas de modo a que isso pudesse ter efeitos benéficos na sociedade brasileira, mas sem nenhuma presunção de controlar ou dirigir esses efeitos.
Foi isso o que eu quis fazer, e foi exatamente o que fiz. Já deu certo, e agora ninguém mais déte.
Na lista das minhas obras inéditas, nem incluí, para evitar discussões extemporâneas, os seis volumes do 'Tratado de Astrocaracterologia', que, ao contrário do que imaginam os palpiteiros ignorantes, não é uma obra 'de' astrologia (nunca escrevi uma) e sim 'sobre' astrologia, uma obra de filósofo e não de astrólogo.
Um intelectual público é, por definição, o sujeito capaz de apreender e articular num relance a multiplicidade de perspectivas de qualquer fenômeno social em vez de impor a ele as limitações da sua própria formação profissional e ainda se achar, por isso, o mais qualificado dos opinadores.
Perguntaram-me uma vez, num debate, como definia a honestidade intelectual. Sem pestanejar, respondi: é você não fingir que sabe aquilo que não sabe, nem que não sabe aquilo que sabe perfeitamente bem. Se sei, sei que sei. Se não sei, sei que não sei. Isto é tudo. Saber que sabe é saber; saber que não sabe é também saber.
A mentira torna-se persuasiva por dois meios: (a) macaqueando a verdade até mesclar-se com ela ao ponto do indiscernível; (b) negando a verdade de maneira tão completa e ostensiva que a mente do ouvinte vacila, fraqueja e, por insegurança, acaba se deixando reformar de alto a baixo. O primeiro método é a fraude, o segundo o blefe.
Como, em princípio, nenhuma filosofia tem uma interpretação perfeita e definitiva, a mais usual e prestigiosa caricatura da filosofia – que as universidades brasileiras acreditam ser a filosofia propriamente dita – é discutir eternamente miudezas de significado nas obras dos filósofos. Na USP chamam essa frescura de 'rigor'.
Quantos brasileiros vocês conheceram que assumiam o esforço de tornar-se pessoas cada vez melhores, do ponto de vista moral e espiritual, como sua missão mais importante -- ou única -- na vida? Eu só conheci um. E no meio jornalístico nunca vi nenhum que sequer concebesse, mesmo de longe, essa possibilidade.
No Brasil, há tempos não existem pensadores originais, nem mesmo no nível da mera crítica cultural. Cada um que aparece fala em nome de algum grupo e dele obtém seu prestigio. Por isso o único tipo de interpretação que esses sujeitos são capazes de efetuar consiste em responder à pergunta: 'Para quem ele trabalha?'
Sou o primeiro escritor que, na história do mundo, se tornou slogan em protestos de rua. Depois disso, querer uma vaguinha em ministério seria humilhação.
Também fui louvado pelos gigantes e achincalhado pelos pigmeus -- Ives Gandra e Paulo Bundadelli, por exemplo -- o bastante para entender que minhas obras não são para qualquer zé-mané.
Se todas as faculdades de filosofia, letras e ciências humanas do Brasil fossem fechadas, isso não traria nenhum dano econômico nem cultural para o país. Só teríamos de encontrar, para alguns milhares de analfabetos funcionais, o número suficiente de empregos braçais para os quais eles estão qualificados.
"Há pessoas tão puras, no seu próprio entender, que não se conformam com a idéia de que o perdão divino elimine o pecado do campo da realidade eterna. Querem porque querem que sempre sobre alguma coisinha. Nem de longe percebem que isso contradiz na base a noção mesma da bem-aventurança eterna."
"A idéia de um Deus que perdoa ou condena quando bem lhe dá na telha é islâmica, não cristã. Deus comprometeu-se a respeitar o perdão sacramental até o fim dos tempos, e nada O fará mudar de idéia. Ele pode estender o perdão a pessoas que não receberam a absolvição sacramental, mas não tirá-lo dos que a receberam."
Nossos pecados vão deixando pelo caminho um rastro de lixo cósmico que nenhum esforço humano poderá jamais limpar. A ânsia de 'salvar o planeta' não passa da fantasia projetiva de uma culpa coletiva que se camufla em sujeira material — exatamente como a de Lady Macbeth, que reprime a consciência do seu crime lavando obsessivamente as mãos.
Não há NADA de intrinsecamente imoral na poligamia em si. Se houvesse, ela não teria sido permitida aos antigos profetas. O casamento monogâmico indissolúvel é, como os demais sacramentos, um MISTÉRIO instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, tendo como finalidade a vida eterna, não a moralidade terrestre.
Uma história ter um sentido profundíssimo, valioso, revelador, não significa que ela tenha acontecido realmente. A verdade da Poesia não é a verdade da História. Nunca conheci um aficionado de história esotérica que entendesse claramente essa distinção, ou que pelo menos não se esquecesse dela com frequência.
Antes de colocar-se sob a orientação de um intelectual ou grupo, verifiquem se ele tem alguma ligação, formal ou informal, direta ou indireta com qualquer entidade internacional, e se esta, por sua vez, está ligada de algum modo a organismos como a ONU, a Unesco, ou a URI - United Religions Initiative. Se tiver, só há uma coisa a fazer: Fujam.