Frases de Olavo de Carvalho
O ideal é a medida efetiva do tempo existencial, o padrão de intensidade e profundidade da significação dos momentos. Sem ideal, os instantes e os lugares se homogeneízam na massa do indiferente, após a breve excitação casual que os torna interessantes.
O ideal é a coluna mestra e a força da personalidade. Traí-lo ou esquecê-lo é entregar-se, de ossos quebrados, nas mãos da contingência e do absurdo.
Encarado psicologicamente ou teologicamente, o ideal de perfeição humana sugerida pela imagem do divino é a meta obrigatória e universal da existência humana sobre a terra, e a perda deste ideal é, segundo [Paul] Diel, a causa das neuroses.
Interpretar cada opinião pessoal minha como se fosse instrução disciplinar dada a um grupo militante é coisa de gente que, na cabeça, só tem mesmo discurso militante.
A inversão banalizante só pode ocorrer mediante uma mutação súbita, longamente preparada no subconsciente. [...] Quebram-se, assim, inúmeras cadeias de reflexos condicionados que constituíam a base subconsciente do comportamento, e o homem se vê num estado de indeslindável confusão.
Há mais sociologia em Balzac e mais ciência política em Dostoiévski do que em todas as faculdades de ciências sociais do mundo.
Há perigos tão temíveis que infundem no coração, mais que o medo de enfrentá-los, a recusa de enxergá-los.
A paixão desmesurada pela 'inteligência artificial' é o indício mais seguro de falta de inteligência natural.
Se você não busca a autoconsciência, você renunciou à condição humana. Renunciou a principal coisa que Deus te deu, e está cuspindo na cara de Deus. Então, toda a sua moral não vale absolutamente nada.
"A tristeza da alma no mundo terrestre não vem de que ela 'se aliene' no corpo, mas de que o corpo a frustra e decepciona continuamente, por ser desprovido daquele toque de imortalidade que a alma antevê em si mesma e do qual ela desejaria, em vão, que o corpo desfrutasse também."
O corpo é somente a versão espaço-temporal da alma imortal. Ela o abrange e transcende. Ele a manifesta mas não a abrange nem muito menos esgota.
Sociedades baseadas na satisfação dos desejos serão sempre destruídas por aquelas que reprimem os desejos para acumular força.
"O 'eu' é aquele que responde por aquilo que sabe, e, mais ainda, por aquilo que ele sabe que sabe. O mais elevado autoconhecimento não consiste senão na admissão de um saber prévio assumido responsavelmente."
"O eu não poderia ser criado por incorporação de papéis sociais se já não estivesse prefigurado, por um lado, na individualidade física e, por outro, na memória da memória – a recordação de estados interiores revividos na pura intimidade do indivíduo consigo mesmo."
O eu responsável – a consciência da consciência – não existe como coisa nem como estado: existe apenas como tensão permanente em direção a mais consciência, mais responsabilidade, mais abrangência e maior integração.
"Consciência, no sentido forte da palavra, é autoconsciência atual, responsável – é algo que só pode existir no indivíduo real, presente, atuante. Consciência genérica, abstrata, é um puro fetiche lógico."
Em filosofia, toda expressão é provisória e requer o acúmulo praticamente interminável de esclarecimentos. Mas ao público brasileiro de hoje falta algo mais que a consciência disso. Falta o sentido mesmo da ligação orgânica entre as asserções e os argumentos que as embasam.
A precaução mais elementar, ao ler os escritos de um filósofo, é lembrar que nossas objeções mais imediatas já devem ter-lhe ocorrido e podem estar respondidas, ao menos de maneira implícita, em alguma outra parte de sua obra.