Há pessoas que dizem mal de tudo para inculcar que prestam para muito.
A covardia preserva frequentes vezes a vida.
Todos querem liberdade, muitos a possuem, poucos a merecem.
A ignorância pasma ou espanta-se, mas não admira.
Há povos que são felizes em não ter mais que um só tirano.
A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.
Os velhos tornam-se nulos e inúteis à força de prudência e circunspecção.
Os pequenos inimigos, ainda que menos danosos, são sempre mais incómodos que os grandes.
Dos especuladores em revoluções muitos se perdem, e poucos prosperam por algum tempo.
Os homens não sabem avaliar-se exatamente: cada um é melhor ou pior do que os outros o consideram.
Amigos há de grande valia, que todavia não podem fazer-nos outro bem, senão impedindo pelo seu respeito que nos façam mal.
Não se apaga o fogo com resinas, nem a cólera com más palavras.
Há pessoas que ganham muito em ser lidas, e perdem tudo em ser tratadas: escrevem com estudo e vivem sem ele.
A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam.
Os povos, como as pessoas, variam de opiniões e gostos, e na sua inconstância passam frequentes vezes de um a outro extremo.
É mais difícil sustentar uma grande reputação que granjeá-la ou merecê-la.
Há muita gente que procura apadrinhar com a opinião pública as suas opiniões e disparates pessoais.
A virtude é o maior e mais eficaz preservativo dos males da vida humana.
A sabedoria indigente é menos invejada que a ignorância opulenta.
Há benefícios conferidos com tal rudeza e grosseria que de algum modo justificam os beneficiados da sua ingratidão.