Frases de Fernando Pessoa e seus Heterônimos

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⁠Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Inserida por VictorDias99

"O espelho reflete certo; não erra porque não pensa".

A água chia no púcaro que elevo à boca


A água chia no púcaro que elevo à boca.
«É um som fresco» diz-me quem me dá a bebê-la.
Sorrio. O som é só um som de chiar.
Bebo a água sem ouvir nada com a minha garganta.

ALBERTO CAEIRO

Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Pensar é estar doente dos olhos.
Olho, e as coisas existem.
Penso e existo só eu.
(Heterônimo de Fernando Pessoa)

Todos dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.

⁠Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos
Inserida por gtrevisol

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Inserida por pbatistoi

⁠Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Inserida por VictorDias99

⁠A neve pôs uma toalha calada sobre tudo.
Não se sente senão o que se passa dentro de casa.
Embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar.
Sinto um gozo de animal e vagamente penso,
E adormeço sem menos utilidade que todas as acções do mundo.

Inserida por andreza_oliveira_1

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia

Alberto Caeiro
“O Guardador de Rebanhos”. In: Poemas de Alberto Caeiro. Lisboa: Ática, 1946.
Inserida por ericfbarros

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.

Alberto Caeiro
“O pastor amoroso”. In Poemas de Alberto Caeiro. Lisboa: Ática, 1946.
Inserida por portalraizes

Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram.

Álvaro de Campos
Poesias de Álvaro de Campos

Nota: Trecho do poema "Começo a conhecer-me" de Álvaro de Campos

...Mais

O meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.

Sempre falta alguma coisa

Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta...

Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

Parte-se em mim qualquer coisa. O vermelho anoiteceu. Senti demais para poder continuar a sentir. Esgotou-se-me a alma, ficou só um eco dentro de mim.