Frases de Vergílio Ferreira

Cerca de 116 frases de Vergílio Ferreira

Pois, a emoção é decerto uma forma de se subir mais alto. E quando cai, de se cair de mais alto. Aprende a serenidade. Porque mesmo que caias, não te magoas tanto.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Amas ou não uma mulher, mas não sabes porquê. Como hás-de poder saber a razão do bem e do mal?

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Pois. Tiveste em jovem a tua ideologia. Mas envelheceste. E a velhice tem já as suas falhas de memória. E uma das maiores falhas de memória é persistires no que te torna já um maníaco.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Uma forma de o medíocre convencido imitar a grandeza é não dizer mal de ninguém.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Os grandes sistemas do pensar, da ciência, as grandes correntes literárias e artísticas, os grandes ideários políticos ou religiosos. Tudo passou. Restos detritos fragmentos. Toma o teu bocado e senta-te no vão de uma porta a comê-lo.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Não te entristeças por não poderes já ver o que verão os que vierem depois de ti. Porque depois de mortos, terão visto exatamente o mesmo que tu.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

No grande artista há uma falha a preencher e no pequeno uma falha a compensar. O primeiro nunca o consegue.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Falhaste a vida, é evidente. Mas não o digas. Porque haverá logo quem venha proclamar em alvoroço que tu mesmo afinal confessas que falhaste para o cretino trombeteiro se julgar menos falhado e os cretinos como ele.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Não se pode imaginar uma cor, fora das cores do espectro solar. Não se pode ouvir um som, fora da nossa escala auditiva. Não se pode pensar, fora das possibilidades da língua em que se pensa.

Lamentares a sorte dos que morreram é uma forma oblíqua e subtil de te julgares imortal.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Não exibas tanto o esplendor dos teus dentes. Eu sei que são postiços. Mas há quem não sabe, dizes. Pois. Mas ainda que eu não soubesse, sabia-lo tu. Fecha a boca.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Se te é indiferente matar uma criança ou uma mosca, podes dizer com verdade que estão mortos todos os valores. Mas nesse caso e em coerência com essa verdade, deve ser-te indiferente continuares livre ou seres preso. Ou enforcado.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Porque é que dizes quem me dera ser feliz e não dizes quem me dera ser medíocre? Porque dirias a mesma coisa. E o que provas ao dizê-lo é só que afinal já o eras.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

A melhor forma de não ouvires o que ouves e te incomoda é não o ouvires.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

A arte deve servir-se fria. Pode ter álcool por dentro. Mas tem de ser álcool que se tirou do frigorífico.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

A verdade só é perfeita nos instantes de fulgor.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Estrela Polar, 1962

Vir a morte e levar-nos. E não fazermos falta a ninguém. Nem a nós. Que outra vida mais perfeita?.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, 1992

A verdade absoluta, que coisa aflitiva, afinal. Porque se se não tem, como ordenar a vida que é nossa? Mas se se tem, como não anular a vida dos outros que são contra ela?

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Porque é que estranhas tanto que um deputado deixe o partido e vá ser deputado para outro lado? O jogador de futebol também muda de clube.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992