Frases de Poetas Portugueses
Grande, imenso fingidor, Fernando Pessoa, nada seria sem Camões. Os gênios dão sempre á luz a grandes monstros que os engolem.
A Morte, que da vida o nó desata,
os nós, que dá o Amor, cortar quisera
na Ausência, que é contra ele espada fera,
e com o Tempo, que tudo desbarata.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Nota: Trecho adaptado de soneto de Luís de Camões.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Nota: Trecho de soneto de Luís de Camões.
Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que só para mim
Anda o mundo concertado.
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.
Nota: Trecho do poema do livro "Sonetos Para Amar o Amor", de Luís de Camões.
Amor...
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Nota: Trecho de soneto de Luís de Camões.
Pouco sabe da tristeza quem, sem remédio para ela, diz ao triste que se alegre; pois não vê que alheios contentamentos a um coração descontente, não lhe remediando o que sente, lhe dobram o que padece.
Sobre o amor, na língua portuguesa sou muito mais o sentimento de Luís de Camões do que o de Fernando Pessoa. O meu "Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer."
A frouxidão no amor é uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão, fervor e extremo.
Quando recente o sol caiu na esfera
cristalina e serena
(...) surgiram flores,
Flores que não murcharam
Os homens não são maus por natureza
Atractivo interesse os falsifica,
A utilidade ao mal, e ao bem o instinto
Guia estes frágeis entes
Eu, que não satisfeito
De combater, de triunfar na Terra,
Convosco tenho feito
Aos próprios Céus inevitável guerra
Infeliz! Que arrogância,
Que imprudência, que fado ou que desdita
Te guia à negra estância
Aonde o tempo com a Morte habita?
Purificando co' um sorriso o dia,
Afáveis olhos para mim volvendo,
Me diz : «Não chores, ó mortal, não chores;»