Frases de Poetas Portugueses
"Mas se Deus é as flores e árvores
e os montes e sol e o luar,
então acredito nEle,
então acredito nEle a toda a hora".
(Fragmentos extraídos do livro “Fernado Pessoa – Obra poética II” – Organização: Jane Tutikian – Editora L&PM, Porta Alegre – RS, 2006).
Me ardem no sangue, me comem
Todos os velhos terrores,
Superstições,lutas, dores
E os sonhos todos do homem!
Ah! Não me dêem piedosas intenções.
Sei que não vou por aí.
Nota: Adaptação de trechos de "Cântico Negro" de José Régio
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
...Sei que não vou por aí!
Nota: Trecho de "Cântico Negro" de José Régio
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
(...)
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for
De tal maneira me tinham
Ao fugir-me
A mim, que tanto esperava
Ser fiel
E forte
E firme,
Que não era mais que morte
A vida então vivida
Auto- cadáver...
Mas também eu vim caindo,
Do trono que tinha outrora,
Ao desespero de agora
Deste meu fim nunca findo.
E aquele senhor poeta
Que anda bêbado na rua,
(...) Contenta-se com tão pouco
Porque diz, bêbado e rouco
Que os seus poemas de louco
Poderão salvar o mundo!
Em mim que há calamidades,
Naufrágios, incêndios, guerras,
Longas ausências, saudades
Das caras pátrias cidades
E do sonho de outras terras...
Em rigor a modéstia é virtude comum aos dois sexos e o pudor, uma espécie mais delicada que é privativa da mulher
Viagens na minha Terra
O marquês do F¹.
(F¹ - D. Domingos Antônio de Sousa Coutinho.)
Foi um dos homens mais extraordinários e português mais notável que tenho conhecido, aquele fidalgo. Era feio como o pecado, elegante como um bugio, e as mulheres adoravam-no.
Viagens na minha Terra
Eu amo a charneca.
E não sou Romanesco. Romântico, Deus me livre de o ser - ao menos o que na algaravia de hoje se entende por essa palavra.
Viagens na minha Terra.
Há livros, e conheço muitos, que não deviam ter títulos, nem o título e nada neles.
E há títulos também que não deviam ter livro, porque nenhum livro é possível escrever que os desempenhe como eles merecem.
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Porque não consentes, num beijo de amor,
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar!
E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste.
Não vejo, sem pensar.
Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter.
(Livro do Desassossego - Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa)