Frases de Marcel Proust

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Acreditar na medicina seria a suprema loucura se não acreditar nela não fosse uma maior ainda, pois desse acumular de erros, com o tempo, resultaram algumas verdades.

Um livro é um grande cemitério onde, sobre a maioria dos túmulos, não se podem mais ler os nomes apagados.

Acontece com a velhice o mesmo que com a morte. Alguns enfrentam-nas com indiferença, não porque tenham mais coragem do que os outros, mas porque têm menos imaginação.

Apenas amamos aquilo que não possuímos por completo.

Não é apenas a arte que põe encanto e mistério nas coisas mais insignificantes; esse mesmo poder de relacioná-las intimamente conosco é reservado também à dor.

O desejo de agradar aos amigos é por assim dizer uma desforra da ambição.

O nosso eu é edificado pela superposição de estados sucessivos. Mas essa superposição não é imutável, como a estratificação de uma montanha. Levantamentos contínuos fazem aflorar à superfície camadas antigas.

Às vezes, sem o sabermos, o futuro está em nós, e as nossas palavras supostamente mentirosas descrevem uma realidade que está próxima.

O que censuro aos jornais é fazer-nos prestar atenção todos os dias a coisas insignificantes, ao passo que nós lemos três ou quatro vezes na vida os livros em que há coisas essenciais.

O artista que troca uma hora de trabalho por uma hora de conversa com um amigo sabe que está a sacrificar uma realidade a algo que não existe.

Menosprezamos facilmente um objetivo que não conseguimos alcançar ou que alcançamos definitivamente.

Se um tanto de sonho é perigoso, não é menos sonho que há de curá-lo, e sim mais sonho, todo o sonho. É preciso conhecer totalmente os nossos sonhos, para não sofrermos mais com eles.

A felicidade é no amor um estado anormal.

O amor causa verdadeiros levantamentos geológicos do pensamento.

Tem-se por inocente desejar e atroz que o outro deseje.

Certas recordações são como os amigos comuns, sabem fazer reconciliações.

A realidade apenas se forma na memória; as flores que hoje me mostram pela primeira vez não me parecem verdadeiras flores.

O fim da dor nos faz duvidar que tenhamos realmente amado.

O que reúne e atrai as pessoas não é a semelhança ou identidade de opiniões, senão a identidade de espírito, a mesma espiritualidade ou maneira de ser e entender a vida.

Não chegamos a mudar as coisas conforme nosso desejo,mas aos poucos o nosso desejo muda.