Frases de Fernando Sabino

Cerca de 60 frases de Fernando Sabino

Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando, sofrendo, avançando e recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência.

Só é sincero aquilo que não se diz.

O menino é o pai do Homem

Um verdadeiro romance é sempre a interpretação desajeitada de um sonho.

São vidas. Sendo vidas, nada mais nos resta fazer senão irmos vivendo.

Quem toda vida saberá o que significa
a viagem de cada um?

Infidelidade é como apanhar seu sócio furtando dinheiro do caixa. A relação está dissolvida.

Há pessoas que têm o dom de inspirar-me uma fulminante simpatia à primeira vista - quase sempre aliás, injustificada.

Vou escrever alguma coisa que não sei o que seja, justamente para ficar sabendo. E que só eu posso me dizer, mais ninguém

O duro ofício de escritor

Para mim, o ato de escrever é muito difícil e penoso, tenho sempre de corrigir e reescrever várias vezes. Basta dizer, como exemplo, que escrevi 1.100 páginas datilografadas para fazer um romance, no qual aproveitei pouco mais de 300.

O meu ritmo é esse.
O diabo é que acabo deixando também a mente solta, a vagar pelo espaço. E minha imaginação rola com as ondas na areia de Ipanema, e se perde na distância azul do mar.

Tudo que sentia era saudade da sua presença. Chegava tarde da noite, encontrava a casa às escuras. Era obrigado a atravessar silenciosamente a sala e subir para o quarto, resistindo à tentação de bater à sua porta sob o pretexto de saber se por caso ela ainda estaria acordada.

A consciência é inútil, sem uma convicção adquirida.

Agora o fruto de tão maduro parece que se rompe, vai apodrecendo.

Já me disseram que sou bom de chegada e ruim de saída. Devo reconhecer que é verdade. Mas a culpa não é minha.

Tenho feito descobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez.

Fernando Sabino
Lispector, Clarice. Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta endereçada a Clarice Lispector, de 10 de junho de 1946.

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Não sei se ela entendeu. Isabel já não me entendia, nem eu a ela: era um mistério para mim. Eu não sabia se ela havia mudado, ou se eu é que ia me tornando outro homem.

Contra o buraco negro por onde nós mesmos seremos sugados, simplesmente não há solução.

Uma mulher tomou um trem e foi-se embora muito infeliz, como devem ser as mulheres que tomam trens.

E eu continuava assistindo à erosão da minha vida, sem que pudesse fazer nada. Muitos menos compreender Isabel.

Até que um dia resolvi imitá-la.