Frases de Fernando Pessoa
A decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia.
A recordação é uma traição à natureza,
Porque a natureza de ontem não é natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais. A única aristocracia é nunca tocar.
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou.
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
Ah, mágoa de ter consciência da vida!
Tu, vento do norte, teimoso, iracundo,
Que rasgas os robles, teu pulso de vida
Minh’alma do mundo!
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
A arte pela arte é, na realidade, apenas a arte em proveito do artista.
A natureza é a diferença entre a alma e Deus.
Na alma ninguém manda…
Ela simplesmente fica onde se encanta...
A volúpia do ódio não pode igualar-se à volúpia de ser odiado.
A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta.