Frases de Eduardo Galeano

Cerca de 50 frases de Eduardo Galeano

Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos.

Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se transfigura em sucata, os alimentos em veneno.

Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me diz que somos feitos de histórias.

Eu não acredito em caridade, eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima pra baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas.

Minhas certezas se alimentam de dúvidas.
E há dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu como seria em qualquer lugar do mundo. E, nestes dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é meu lugar…
…e não consigo me reconhecer em nada nem em ninguém.

Eduardo Galeano
O livro dos abraços

RECORDAR: Do latim "re-cordis", voltar a passar pelo coração...

Eduardo Galeano

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Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada na garganta.

⁠O machismo é o medo dos homens das mulheres sem medo.

A justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços

O medo ameaça.
Se você ama, terá Aids
Se fuma, terá câncer
Se respira, terá contaminação
Se bebe, terá acidentes
Se come, terá colesterol
Se fala, terá desemprego
Se caminha, terá violência
Se pensa, terá angústia
Se duvida, terá loucura
Se sente, terá solidão.

São muitos os cidadãos que perdem a opinião por falta de uso.

O medo nos governa. Essa é uma das ferramentas de que se valem os poderosos, a outra é a ignorância.

Eduardo Galeano

Nota: Partilhado pelo autor nas redes sociais

O mundo está dividido principalmente entre indignos e indignados, e todos sabem de que lado querem ou podem estar.

O trabalho não vale nada, não há dinheiro que chegue, se faz o dobro em troca da metade. O que produzem nossos países? Braços baratos. A realidade se torna uma piada de humor negro: “É preciso apertar o cinto”. “Não posso. Comi ontem”.

Eduardo Galeano
Nosotros decimos no: Crónicas

As guerras dizem que ocorrem por nobres razões: a segurança internacional, a dignidade nacional, a democracia, a liberdade, a ordem, o mandato da civilização ou a vontade de Deus.
Nenhuma tem a honestidade de confessar: "Eu mato para roubar".

Devemos tomar consciência que os direitos da natureza e os direitos humanos, são dois nomes da mesma dignidade. E qualquer contradição é artificial

“Eu nasci e cresci debaixo das estrelas do Cruzeiro do Sul. Aonde
quer que eu vá, elas me perseguem. Debaixo do Cruzeiro do Sul, cruz de
fulgores, vou vivendo as estações de meu destino”

(Trecho do livro em PDF: O Livro dos Abraços)

Às vezes, acontece de eu sentir que a alegria é um delito de alta traição, e que sou culpado do privilégio de continuar vivo e livre.

Eduardo Galeano
Dias e noites de amor e de guerra. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2001.

A liberdade do dinheiro exige trabalhadores presos no cárcere do medo.

Eduardo Galeano
Jornal "El País" (7 de Maio de 2001)

Dos medos nascem as coragens. Os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão.
Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia.
Nessa fé, fugitiva, eu creio.

Eduardo Galeano
O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM, 2002.