Frases de Cecília Meireles
"Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol."
"Vejo o arrepio da morte,
à voz da condenação
Quem ordena, julga e pune?
Quem é culpado e inocente?
Na mesma cova do tempo
cai o castigo e o perdão
Morre a tinta das sentenças
e o sangue dos enforcados...
liras, espadas e cruzes
pura cinza agora são"
"Escuto os alicerces que o passado
tingiu de incêndio: a voz dessas ruínas
de muros de ouro em fogo evaporado"
Todos querem liberdade
mas quem por ela trabalha? (...)
(o humano resgate custa
pesadas carnificinas!
Quem morre, para dar a vida?
Quem quer arriscar seu sangue?)
"Tenho o coração parado
Como se não fosse viva (...)
Vamos a ver se a minha alma
Fala verdade ou mentira"
Que tudo passa...
O prazer é um intervalo
na desgraça
Que tudo acaba!
Quem diz que a montanha de ouro não desaba?
Que tudo engana
Gente, só a morte mesmo,
é soberana
"Nós aqui movendo as águas
e as pedras, desta maneira!
-Pois, não deixaremos nada:
nem o nome da caveira
Que a nossa vida
é a mesma coisa que a morte
-noutra medida"
"Tão feliz que me sentia,
vendo as nuvenzinhas no ar,
vendo o sol e vendo as flores
nos arbustos do quintal,
tendo ao longe, na varanda,
um rosto para mirar"
"Riqueza grande ta terra
quantos por ti morrerão! (...)
Há multidões para os vivos:
porém quem morre vai só. (...)
há mais forças, mais suplícios
para os netos da traição. (...)
Quem não presta, fica vivo;
Quem é bom, mandam matar."
De seu calmo esconderijo,
o ouro vem, dócil e ingênuo;
torna-se pó, folha, barra,
prestígio, poder, engenho...
É tão claro - e turva tudo:
honra, amor e pensamento.
Tudo vai sendo jamais,
tudo é para sempre nunca.
Pensei que era apenas demora,
E cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
Que me conforme em ser sozinha.
(...)
"(...)O vento vem vindo de longe,/a noite se curva de frio;/debaixo da água vai morrendo/meu sonho, dentro de um navio... (...)".
(do poema "canção", do livro 'Obra poética' - Pág 18, - J. Aguilar, 1958.)
"Homem vulgar! Homem de coração mesquinho! Eu te quero ensinar a arte sublime de rir. Dobra essa orelha grosseira, e escuta o ritmo e o som da minha gargalhada: Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!”.
( do poema "Gargalhada.)
“Não sejas o de hoje. Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amanhã”...
(do livro "Cânticos", 1982.)
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa rimada.
E um dia sei que estarei muda:
- mais nada.
(do livro "Viagem", 1939.)