Frases de Amor de Cecília Meireles

De longe te hei de amar – da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância.

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

(...)

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.

Não seja o de hoje.
Não suspires por ontens...
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.

Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...

Liberdade de voar num horizonte qualquer, liberdade de pousar onde o coração quiser.

Hoje desaprendo o que tinha aprendido até ontem e que amanhã recomeçarei a aprender.

É preciso amar as pessoas e usar as coisas e não, amar as coisas e usar as pessoas.

Meu coração tombou na vida, tal qual uma estrela ferida pela flecha de um caçador.

Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua.

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

Tão liso está meu coração,
tão lisos, meus pensamentos,
que as lágrimas rolarão,
e os contentamentos.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Inscrição na Areia

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

Se amanhã eu acordar
Deus estará comigo.

⁠pois o amor não é doce
pois o bem não é suave
pois amanhã como ontem
é amarga, a Liberdade

O que amamos está sempre longe de nós:
e longe mesmo do que amamos - que não sabe
de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

(do livro "Solombra".)

"O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil"