Frases Conhecidas

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A virgem em todas as mulheres

Toda mulher, ao saber que está grávida, leva a mão à garganta: ela sabe que dará à luz um ser que seguirá forçosamente o caminho de Cristo, caindo na sua via muitas vezes sob o peso da cruz. Não há como escapar.

Clarice Lispector
Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta para Elisa e Tania Kaufmann, escrita em janeiro de 1947.

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E ninguém é eu. Ninguém é você. Esta é a solidão.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto As águas do mundo.

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É determinismo, sim. Mas seguindo o próprio determinismo é que se é livre. Prisão seria seguir um destino que não fosse o próprio. Há uma grande liberdade em se ter um destino. Este é o nosso livre-arbítrio.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Seguir a força maior.

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Como um gato de dorso arrepiado, arrepio-me diante de mim.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Mais que um instante, quero seu fluxo.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Você há de me perguntar por que tomo conta do mundo. É que nasci incumbida.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Era malcriada demais, revoltada demais, embora depois caísse em si e pedisse desculpas.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Por detrás da devoção.

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Eu vou ter tanta saudade de mim quando morrer.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Mas eu sou uma chata que parece viver com medo de dizer as coisas claramente.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Tania Kaufmann, escrita em 5 de novembro de 1948.

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Somente uma coisa me faria bem agora. Seria adormecer com a cabeça no seu colo, você me dizendo bobagenzinhas gostosas pra eu esquecer a ruindade do mundo.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta a Maury Gurgel Valente, escrita em 5 de janeiro de 1942.

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Eu também não sei não pensar. Acontece sem esforço. Só é difícil quando procuro obter essa escuridão silenciosa. Quando estou distraído, caio na sombra e no oco e no doce macio nada-de-mim.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Devaneio e embriaguez duma rapariga.

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Estou aqui de vez em quando muito delicada, me interessam principalmente flores e passarinhos.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta para Lúcio Cardoso, escrita em 1944.

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Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Restos do Carnaval.

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Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Amor.

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Não me posso resumir porque não se pode somar uma cadeira e duas maçãs. Eu sou uma cadeira e duas maçãs. E não me somo.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.