Está fazendo um dia lindo de outono. A praia estava cheia de um vento bom, de uma liberdade. E eu estava só. E naqueles momentos não precisava de ninguém. Preciso aprender a não precisar de ninguém. É difícil, porque preciso repartir com alguém o que sinto. O mar estava calmo. Eu também. Mas à espreita, em suspeita. Como se essa calma não pudesse durar. Algo está sempre por acontecer. O imprevisto me fascina.
Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
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FOLHAS DO OUTONO
Últimas folhas do outono
com suas matizes, variadas...
fazem no chão um tapete mágico
que me conduz por lugares inusitados
e feito borboleta...voo...voo...voo...
para voltar na primavera...
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiura, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente.
E como no outono as folhas caem para se renovarem com as estações seguintes. Aqui estou eu, sem medos, só permitindo minhas folhas se libertarem para as próximas estações que vivenciarei.
No outono as arvores deixam suas folhas cairem na dispidida da estação do sol, essas folhas que caem são como as lágrimas que deixo escapar dos meus olhos quando vejo que é hora de você partir.
Outono, uma nova estação.
As arvores perdem as folhas
A chuva cai devagar
De noites silenciosas
Nos leva a sonhos sem par
Não é nem cravo nem rosa
Mas nos convida a amar.
Terê Cordeiro.
Neste começo d’hoje
tuas costas negavam
qualquer espécie de outono
Afinal
a ideia de estação
é só um tema ilusional
engendrado por humanos
que nunca puderam desenhar
tua coluna vertebral
a dedo nu
Bem-Vindo, Outono!
Legítima Estação dialética
que teu verde teimoso das folhas que ficam
e teu amarelo caduco das folhas que partem
recebam o plantio de rosa que chega
e a luta do vermelho que brota