Na noite de inverno o frio não é só no corpo: as tábuas estalam.
Apenas um gesto e o homem é capaz de vida - reparto o caqui.
De manhã, a brisa encrespa o igarapé e penteia as águas.
Rio na piracema, peixes pulam nas canoas: mendigos alegres.
Vento de verão vem com bafo de mormaço - garoa ameniza.
Rapsódia incômoda: ao redor do bóia-fria moscas do canavial.
A cigarra canta o anúncio de sua morte - formigas na contra-dança.
Na calma do lago um bufo entre a canarana: peixe-boi respira.
Folhas do ciclame ao vento pra lá e pra cá - um coração pulsa.
No embalo do vento palmeiras se abraçam: dois amantes?
Ajude-nos a manter vivo este espaço de descoberta e reflexão, onde palavras tocam corações e provocam mudanças reais.