Frases de Anibal Beça
Cerca de 70 frases de Anibal Beça
Na caixa postal
a mão sente a queimadura:
taturana presa.
Abre o camponês
sulcos de arado na terra:
no seu rosto rugas.
Hora do recreio:
periquitos tagarelas
brigam pelas mangas.
Açougue nas águas:
piranhas esquartejam o boi
no meio do rio.
Folhas do ciclame
ao vento pra lá e pra cá -
um coração pulsa.
Gaiola se abrindo
e o haijin livre de amarras:
sabiá cantando.
Morcego em surdina
morde e sopra o velho gato.
Não contava o pulo...
Na casca amarela
se esconde em vão a goiaba:
tantos bem-te-vis...
Entre o capim seco
uma surpresa rajada:
ovos de codorna.
A chuva já vem?
Não vem. É o marcador
cantando a quadrilha.
Brilha mais ereto
o penhasco sob o sol:
ah o verão fértil.
Sozinho na casa.
Lá fora o canto das cigarras.
Ah se não fossem elas...
Um pombo no mar
traz ao bico verde ramo:
terra à vista?
A flor do ipê-roxo
cai deixando saudades.
Ah, a moça da tarde...
Na noite de inverno
o frio não é só no corpo:
as tábuas estalam.
Apenas um gesto
e o homem é capaz de vida -
reparto o caqui.
De manhã, a brisa
encrespa o igarapé
e penteia as águas.
Na calma do lago
um bufo entre a canarana:
peixe-boi respira.
Rio na piracema,
peixes pulam nas canoas:
mendigos alegres.
Vento de verão
vem com bafo de mormaço -
garoa ameniza.