Frases de Anibal Beça

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Céu de primavera
no jardim dorme a menina.
Qual a flor do sonho?

Ah, a sensualidade...
palmeiras se abraçando
cúmplices do vento.

Broca no bambu
deixa furos de flauta.
O vento faz música.

Sol no girassol.
Sombra desenha outra flor
no corpo dourado.

Varrendo folhas secas
lembrei-me do mar distante:
chuá de ondas chegando.

Janela fechada:
borboleta na vidraça
dá cor ao meu dia.

Solidão de outubro:
folhas varridas no vento
levam meu recado.

Ao sol do verão
o sorvete se derrete.
Namoro desfeito.

Girassol na tarde
se curva em reverência:
o sol se vai.

Folha no rio
vai para o mar sem volta -
chorão se renova.

Cercada de verde
ilha na hera do muro:
uma orquídea branca.

Bem que me agasalho.
Galhos sem folhas lá fora
parecem ter frio.

Na hora do rush
o cheiro do incenso acalma:
hare-krishnas dançam.

Nos gestos da mão
baila a brasa do cigarro:
pisca o pirilampo.

vermelho relâmpago
irrompe do capim seco:
a cobra coral.

Fugiu-me da mão
no vento com folhas secas
a carta esperada.

No céu enfeitado,
papagaio de papel:
também vou no vôo.

Uma vida é só uma vida
só uma vida é vivida
melhor se for dividida
e tudo mais é só
e tudo mais é
e tudo mais
e tudo
e

Quase desperdício.
Moscas sobre caquis podres
Só o sapo come.

No embalo do vento
palmeiras se abraçam:
dois amantes?