derrama vinho no sofá:
— Tudo bem meu amor, isso é normal,
mas cuidado com o cigarro aceso em cima da minha…
— Da nossa…
— De nenhum dos dois (Coleção de poesia marginal).
Amor guarde o que restou das cinzas que o melhor decorei na alma
com três anos de namoro,
riscou o meu álbum
duplo de vinil:
Do Bob Dylan… Não, não!
Garota rock’n’roll!
O “Blonde on Blonde,” não!
Garota rock’n’roll!
A garota rock’n’roll,
solta um uivo, que só o eco,
põe pra correr dois ursos!
Garota rock’n’roll!
Grita de madrugada
no portão, quebra a corda
(MI menor, sem dó!)
do velho violão!
Por falar em amor... Olha aí!
Adivinha quem chegou?
Não morre mais!
Diga ao amor, se ele sente muito,
eu também sinto!
assisto a minha família,
e compreendo o sucesso das novelas!
Todo o ser vivo sofre,
na condição de ser,
eu também sofri!
O que pensa? — Não do mundo (é muito) para se pensar!
O que pensa do teu sentimento (pensar te faz deixar de sentir?)
Os meus amores impossíveis, são sempre possíveis!
entre um horário e outro,
momentos sagrados:
Trabalho, meditação,
refeição, descanso
as minhas fantasias.
Pai eu vou sair de casa,
mãe eu tatuei a liberdade do poeta!
O pernilongo esperneia
ao pé do ouvido,
suspeito violino,
aberta a cortina,
o concertino sai,
entra a orquestra,
uma salva de tapas!
Cena de improviso,
fantasma fantasiado
queima a mão
na vela,
luz esfria,
palmas apagadas!
Nuvens comovidas
num soluço, chove!
Caixa de música
toca um clássico,
quando acaba
a corda,
a bailarina
que não salta
dorme.
silêncio de ordem,
mistério só o meu olhar estático
na paisagem em movimento.
Sentava na última fileira,
entrava na terceira aula,
marquei falta numa segunda-feira
ferida de raios e sustos!
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