Mil sentimentos, mil egoismos ”Mil... Beatrice Monserrat

Mil sentimentos, mil egoismos

”Mil livros pra ler, mil bandas pra ouvir, mil coisas tentando ocupar o lugar, e só o amor (ou a falta de alguem) é o que me leva à escrever. Se eu paro pra ler cada uma das minhas frases ou textos, é tudo relacionado à isso. Tão pouca coisa sobre culpas, medos, fracassos, desapegos. Se pedissem pra eu me definir em uma só palavra, eu me definiria: Egoísmo.
Amor, amor amor. É tanto amor que começo a odiar essa palavra. São tantas as coisas das quais eu gostaria de falar, tantas, mas o meu excesso de fraqueza não me deixa. Eu passo o tempo todo procurando uma pessoa pra pensar, alguma música que me lembre alguém. Tantos são os problemas lá fora, aqui dentro, e só o amor me leva a escrever, e muitas vezes até ler. Os livros que não falam dele não tem o mesmo sabor, e o mesmo acontece com as músicas e os assuntos com as pessoas que me rodeam. Eu queria, por Deus eu queria algo que fosse além do amor, algo que me fizesse sentir, por Deus ou por qualquer coisa que as pessoas acreditem, qualquer coisa que me faça acreditar, qualquer coisa além. Além de mim, além do mundo que eu criei com todas essas barreiras impermeáveis, que antes era repleto de lágrimas e que hoje procura a raiva ou a indiferença. As coisas vão acabando tão rápido, sobra tão pouca coisa de tudo aquilo que a gente acreditou um dia, e quando nos vemos estamos com as mãos livres, livres mas vazias. É como no filme: “-De que adianta poder voar se não pode sentir o vento?”. É assim que eu me sinto, e é assim que quase todos sentem, até nisso eu deixei de acreditar, deixei de dar valor aos meus próprios sentimentos por saber que todos sentem a mesma coisa. Valor? Qual é o valor de todos esses dias? De todas essas coisas comuns que todos fazem? Chega de acreditar que aos 16 anos você é fora do comum, um ser estranho que parece ter vindo de outro planeta. Não sou assim, ninguém é assim, em algum lugar nessa mesma hora dessa mesma noite, existe alguém com esse mesmo sentimento de incapacidade, esses mesmos fracassos que ninguém conta nem pro travesseiro. Existe sim, em algum lugar dessa terra suja, alguém esperando o futuro pra poder realizar algumas de suas poucas vontades que ainda restam, pois os sonhos já deixou de sonhar à muito tempo. E não dói pensar isso, não dói pensar em mais nada, é aquela tal coisa seca que o Caio Fernando Abreu já dizia, e diz todos os dias através de cada uma dessas pessoas que sentem a frieza querendo tomar conta de si, mas insistem em, às vezes antes de dormir, pensar que algum dia alguém ou alguma coisa vai te tirar dessa. Não vai, não vou, não vamos. ”