O LEITO DA ESTRADA A curva da encosta de... Naeno Rocha
O LEITO DA ESTRADA
A curva da encosta de barro e grama
É quem contorna o rio.
E o rio fica e as suas margens
Abraçam, num movimento alto e leve
A distância de todos os dias
Suas beiradas quem invadem os caminhos.
Os peixes andam pelas encostas e no areial distante
Nos vales lisos que superam o rio.
Eu entro no rio e atesto o seu estado de inércia
E fico horas, dias, nas mesmas águas
Vendo mudarem as estações
A razão do florescimento e de lugares ermos
O rio se solidifica na demência dele
E os arvoredos vão lentamente passando.
O rio fica onde está e as margens
Mergulham no oceano de sede eterna
E o mar transborda
E as estradas secam
Os peixes que não se misturam
Agarram-se à água
Enquanto garranchos e areia e
E raízes, esteios, pedras se mostram,
No derramamento das paisagens..
Além de quem
Na perturbação do que cumpre a natureza
Que avança para se renovar
Assim tão modificadora e veloz.