Os que falam de si. É preciso muita... Claudia de Marchi
Os que falam de si.
É preciso muita maturidade para viver em interação com o mundo sem se deixar influenciar pelas opiniões alheias. Todavia, é certo que ouve mais opiniões e palpites aquele que expõe suas idéias, forma de pensar e viver na intimidade com menos ponderação, com mais freqüência, todavia certo é que se é preciso ter coragem para expor situações pessoais e intimas é preciso o dobro para ouvir os palpites alheios sem se irritar ou se "afetar" por eles.
Bom seria se as pessoas pudessem se abrir com aqueles em quem confiam e que estes limitassem sua intervenção e lhes respeitassem vez que quem compartilha vivências e experiências é porque possui a alma inocente e confia no ouvinte, logo merece ser respeitado. O fato de falar, de expor o que pensa e o que faz não significa que a pessoa esteja pedindo conselhos, muito menos que ela esteja se sujeitando a críticas e deboche.
O problema é que o mundo se acostumou a ser hipócrita: A maioria se esconde por trás de máscaras de pessoas "corretas e justas", de pessoas "muitíssimo discretas" e acima de "qualquer suspeita" para evitarem criar contato com o outro e, principalmente, por medo de serem julgadas. As pessoas aprenderam a não confiar no outro principalmente porque mal confiam em si mesmas e em sua capacidade de sustentar sua forma de pensar e de ser diversa e única.
Os indivíduos se acostumaram a viver imersos em medos e receios sendo que o pior de todos é o de assumir ser quem são e, além das atitudes é através da expressão verbal que o ser humano se expõe ao mundo, assim o homem tem medo de falar, de contar como vive intimamente porque sabe que a maioria vive fechada, silenciosa, mas sempre apta a criticar e tripudiar sendo que o seu silêncio é perigoso: Silenciam a respeito de sua intimidade mas adoram julgar, falar mal da vida alheia, se colocarem em posição superior e fornecer conselhos como se fossem velhos sábios.
Se uma pessoa tem uma forma de ser mais extrovertida, se ela fala o que a maioria hesita em dizer ou contar sobre si mesmo ela merece respeito, merece ser ouvida e não aconselhada ou criticada. Dar uma opinião diversa é saudável, todavia criticar, sarcastizar, zombar ou, o que é pior, ousar dar conselhos é desnecessário, em especial porque quem quer ser aconselhado pede a opinião do outro e não manifesta a sua aliás, geralmente, quem pede conselhos é quem se garante menos a ponto de falar muito pouco de si, só o fazendo quando precisa de uma "força moral" e, realmente de um bom conselho.