De quando em quando somos vela, Flor.... Mateus Guilherme
De quando em quando somos vela, Flor. Cera envolvente, barbante envolto; abraçados, nos fazendo em um. Dois, talvez, mas sempre como um só a queimar. Não. És vela, tu, no fato, acendendo-me, em cadeia, os tremeliques apaixonados. Iluminando o meu obsoleto ao qual a entrega se fez à escuridão. Negrume azedo, do coração, insistente em se perfazer; e refazer; fazer… Viu, és vela! Não! Sou vela, na verdade; ainda por cima. Adjudicado ao que tanto renego, romantismo futrica atual: desgastando-me, derretendo-me nas palavras de uma metáfora barata para a Flor. Preso, represo, me prendo; me incinero de, sobretudo, babas a ti, feito doce, lambidas sempre. Remonto-me; remontas-te a mim, depois de derretidos. Somos vela, então; Flor, de quando em quando, somos vela…