“Olhe, Senhor, se fiquei penumbra, e... Mateus Guilherme
“Olhe, Senhor, se fiquei penumbra, e como fiquei. Finalmente amanheceu em mim, a mim, agora! Assustei-me, confesso, com o irromper, fascinado com a luz que planava feito nova. Mas a destruição da penumbra é tão boa, afinal. Pego-me sorrindo aos cantos alheios, quando os cantos alheios vêm de dentro de mim. E às vezes não sinto mais que o meu braço toca-me num abraçar: já me veda uma nova textura, uma que por tempos permaneceu dormida, dormindo. A escuridão adormece os amores, afinal, Senhor. Mas o Sol veio, sim Senhor; e não que a Lua tenha partido, mas, agora, ela permanece na distância tão severa, tão severa quanto a que havia o Sol ficado de mim.”