E essas crises de abstinência por... Annely Oliveira
E essas crises de abstinência por você, tão acabando comigo. Tão me fazendo sentir falta de coisas pequenas, de momentos pequenos, cujo quais pareciam tão insignificantes e marcantes ao mesmo tempo, embora eu tendo prometido que não sentiria quando me despedi de ti. Eu tou sentindo falta, do jeito como você me olhava durante 5 segundos e depois me beijava, do teu cabelo desajeitado, da tua respiração descompassada, e até mesmo do teu jeito meio ogro de me dar tchau em quaisquer rede social. Crises de abstinência pela tua voz, pelo teu cheiro, pelo teu gosto, e até pelo teu estranho mau humor constante. Eu sinto saudade do que eu cheguei a pensar que nunca sentiria. Sinto falta até de tuas meias palavras, que para mim, significavam livros. Lembro e relembro pouco a pouco cada tantinho da nossa história, cada promessa que quebramos juntos com o passar dos tempos, tantas construções que demolimos perante os nossos sonhos à dois. Foi difícil superar a tua ida para mim, o tanto que foi fácil para ti de viver sem mim. E, sinceramente, eu não sei por quais motivos eu ainda estou aqui, nessa insistência contínua e árdua de permanecer dentro de uma barca furada, sabendo que o naufrágio tá tão perto de acontecer. Ainda tou nessa, nessa de não me acostumar sem você, nessa de mentir pro meu eu interior fingindo que você ainda vai voltar, mesmo que tarde, você vai voltar. Ensaio mentiras em frente ao espelho e preparo discursos que nunca serão postos em prática. Tento, mas não há nada nesse mundo que me faça recuar, nem que seja pra pegar impulso. Pra variar, eu tou insistindo na mesma música arranhada, no mesmo passo forjado perante a dependência, e mais, com o mesmo par. Por um momento eu esqueci que toda sinfonia precisa de um compasso, e que o meu, nunca teve nem o "com", que dirá o "passo...