Ô, solidão, por que tanto me gosta?... Paulo Genro Fh.

Ô, solidão, por que tanto me gosta? Por que tanto me enfraquece, e por que tanto me faz soluçar? Por que te chamo tanto a atenção, solidão, por quê? Hei, vazio, por que me tortura? É doce a minha companhia, por quê? Sou tão fechado, sou tão imperfeito e tão frustrado, não será a presença de vocês que me deixa assim? Por que se fazem tão presentes?
Tristeza, me diga, qual a minha graça? Me diga, quanto é importante pra ti a minha companhia? Anda, tristeza, fala! Tenho que admitir, tristeza, que tenho estado acostumado com tua presença, querida. Tanto estranho quando tardas a chegar, que fico perdido, sem saber no que pensar. Mas por que me abandonas, assim, e me deixa à mercê da loucura, quando somente contentar-me-ia com tua companhia, por quê?
Tanto me questiono, tanto sofro, sozinho. Sem ter pra onde correr, me sufoco, me perco em devaneios absurdos, e uma vontade de sumir. Oh, quanta dor. Mas, por quê? Tenho amor, tenho amigos, família... tenho tudo, tudo mesmo, inclusive este vazio que me atormenta. Este vazio que me machuca, esta espera pela vida, pelas coisas que vão acontecer. Tenho pressa de ser feliz, tenho pressa de fazer meu amor feliz, tenho pressa da vida, e como machuca não poder apressar o tempo.