Ela era eu Magricela, dona de um sorriso... Alene Chagas
Ela era eu
Magricela, dona de um sorriso metálico. Na frente do computador usava óculos e, quando saía tirava, não queria parecer a Ugly Betty. Metida a sabe tudo, por fora uma casca de durona, inquebrável... Por dentro, era uma adolescente procurando e descobrindo seu caminho. Amava a noite e funcionava melhor da meia-noite até lá pelas quatro. Trabalhava e se achava independente. Independente ela era, sorria apesar de todos os problemas e preocupações, considerada uma pessoa alegre, motivadora e incentivadora de outras pessoas. Nos últimos dias, ela vem gostando dessa rotina de dona de casa. Prefere o barulho da conversa de seus pais, em uma sexta-feira quase fria, do que estar no agito da rua. Nessa função de passar praticamente o dia todo sozinha, após passar seus creminhos milagrosos, foi lavar a louça da noite. Pra variar, já era madrugada. Enquanto fazia chover em cima daquele prato sujo de lasanha, viajava em pensamentos sonhando com o futuro. Ela queria se definir, achar palavras e argumentos que explicassem quem ela era. Meia-noite e quatorze minutos, enxugou a pia, largou o guardanapo em cima da mesa... Parou. Pensei. Quem eu era? Ela era eu.