“Augusto Já começo lhe pedindo... Twoany R

“Augusto
Já começo lhe pedindo desculpas, pois sei o que você irá pensar ao ver essa carta na sua caixa de correios… Mas antes que me xingue em voz alta, quero dizer o motivo pelo qual resolvi enviá-la.
Hoje pela manhã enquanto caminhava até a padaria reparei no meu jeito de andar. Ando chutando qualquer pedrinha que vejo pela frente. Reparei que faço de todas as minhas manhãs um mini jogo de futebol chutando aquelas pedrinhas. A ida eu classifico como o primeiro tempo, e a volta como o segundo. Espero que se lembre dessas manhas. Não das minhas, mas das nossas. Quer dizer, percebi que sinto a sua falta. Sinto falta de chutar a pedrinha com você. Cansa muito levar um jogo inteiro de futebol sozinha. Digo de novo, sinto falta de chutar pedrinhas com você.
Mas não se preocupe, está carta não é um convite para um jogo, acho que ela é mais um desabafo. Hesitei muito em escrever para ti e sei que hesitarei muito mais ao te enviar isso, porém é preciso. Não posso calar-me e deixar a situação como está. Quer dizer, não posso seguir com a minha vida sem antes dizer tudo que penso sobre nós.
Acho que tu foste embora muito cedo, lembro-me que nos separamos muito rápido e que não tive alternativa de retorno. Não tive como reverter e trazer-te de volta para mim. Classifico isso como uma tremenda falta de respeito e uma injustiça comigo. Você não pediu minha opinião e muito menos me disse tchau. Você apenas pegou suas coisas e foi embora junto com o vento daquela tarde. Nem uma carta Augusto, com um “Te cuida, beijos” você foi capaz de deixar. Digo, se tu deixaste eu iria te retornar e perguntar o por que da sua ida. Mas agora já se passaram sete meses e eu ainda não sei por que foste.
Eu sei… Sei que quando voltaste para pegar o resto das suas coisas eu te mandei me esquecer, mas por favor me entenda, eu estava estressada e magoada. Você havia ido embora e esperasse que eu ficasse como?
Eu não queria te mandar me esquecer literalmente, eu só queria que você fizesse o contrário.
Oras, não sabe o quão contraditórias são as mulheres?
Você não me merece, não mesmo. Você não soube me entender. Não soube traduzir minhas palavras para a sua língua. Quando eu disse “me esquece” eu queria dizer “fica comigo”.
Por isso passei esses sete meses em profunda melancolia. Por que você não merece? Eu queria tanto que me merecesse. Queria tanto que me entendesse e ficasse comigo, ou que pelo menos tentasse. Mas você nem tentou. Não apareceu dia nenhum na minha janela e em nenhum dia passou pela minha calçada.
Como pode? Como pode mudar sua rotina só para não me ver. Eu te magoei? O que fiz? Eu juro que não sei das suas magoas, mas eu sei das minhas. E são muitas que não as escreverei. Tu já deves saber ou talvez não. És mais estúpido do que eu pensava ser. Não soube valorizar o meu “eu te amo”, mesmo tendo o conquistado tão rápido.
Apaixonei-me até pelo teu nome, Augusto. E apesar de tudo o que tu e teu nome fizeram comigo e não consigo odiá-lo. Eu só sei odiar te amar, mas se eu pudesse, juro que eu amaria te odiar.
Com amor, sua Lis Lisiel.