Nada doeu mais do que passar por você e... Thayrine Oliveira
Nada doeu mais do que passar por você e te ver agir como se não houvesse ninguém do seu lado naquele momento. Foram apenas alguns segundos, mas o tempo parecia ter parado quando você me olhou, muito embora seu olhar não tivesse dizendo muita coisa, tampouco o que eu gostaria de ouvir. Me fiz forte pra não quebrar em partes e agir como se nada estivesse acontecendo era tão difícil, mas também era necessário. Na verdade, a minha vontade era trombar em você e te fazer me notar, mesmo que para isso eu precisasse ser um pouco sem vergonha. Eu acho que tomaria a atitude certa se como quem não quer nada eu chegasse mais perto e te desse um boa noite meio singelo, ou ousasse mais um pouquinho e usasse daquela frase um tanto épica, um tanto clichê: "Quem é vivo sempre aparece!" Mas fazer o quê, eu sou só isso mesmo, isso que você conheceu sabe-se lá há quantos anos atrás. Meio escrota, meio tosca, meio vazia. Eu que não tenho coragem nem pra ler um artigo em público sem que me tremam as pernas, os lábios e algo me faça gaguejar descontroladamente, iria ter coragem para dirigir a palavra a você? Mínimas as chances de isso acontecer, principalmente agora que você vem demonstrando cada vez mais frieza. Tão diferente do cara que eu conheci há alguns anos atrás, o mesmo que me ganhou e me tem até hoje. E sabe, é realmente uma grande pena você não se importar com isso agora. Eu sei, a culpada de tudo isso sou eu. Eu não demonstrei o que eu realmente sentia e achava daquilo tudo quando eu deveria, eu esperava sempre pra depois, e achava que você sempre podia fazer mais. Eu queria sempre mais! Você era sempre tão dedicado, você fazia coisas que eu nunca imaginei que alguém faria por mim. Você dizia me amar, e eu esperava muito de você mesmo. Esperava muito porque quando é amor, ele tem muito pra dar, então eu acreditava que você teria mais. Mais carinho, mais atitude, mais paciência. Mas não, eu errei quando achei que eu podia esperar um pouquinho porque você iria esperar o quanto fosse preciso. Eu me enganei, mas uma vez a mais que seja não faz diferença, já que eu venho me enganando a tanto tempo acreditando nesse raciocínio torto de que um dia você vai vir até mim e dizer que me ama, meio balançado, meio apaixonado, com uma voz rouca, justamente num momento tão turbuloso da minha vida. Porque ela tem sido assim, chorar você pelos cantos e esperar por esse dia. Passa, um dia passa, mas enquanto isso não acontece eu me transformo em trinta pra conseguir suportar dores que não tem nome, não tem tamanho e só crescem. E eu tenho me perguntado se vale realmente à pena. Se amar é realmente essa coisa que não tem controle, não tem explicação, não tem nome, vai ter solução? Eu quero muito acabar com esse sofrimento meio besta, meio proposital, meio desejado. Porque eu podia muito bem fingir que não te amo, que não sinto nada, que nem te conheço, mas me perco nessa lógica de que no final tudo vai ser melhor, e o pior é o que o melhor pra mim é sempre você.