A mente à altura não subia, pois... Wilton Lazarotto

A mente à altura não subia, pois receava o alcance dos meus sonhos. Como envolto de um caminho sem destino, como quem lucro anela noite e dia, em um acaso de tempo perdi a chegada. Rebenta de pranto e triste me excrucia, pois a fera do medo não sossega. E lançar-me-ei lá onde o sol se cala e a luz me nega, farei meu discurso. Enquanto ao vale em pleno silêncio nada ouvia até um brado ecoante tilintar em meu ouvido: “Quem quer que sejas, saias deste vale.” Moqueei a espada da justiça e protegido do escudo da sabedoria gritei: “Vinde até aqui, daqui passareis.” Depois de perder-me incógnito na busca, decantei feitos dos justos e por ele soberbo caminhei. Mas donde em rio caudal brotou, minha essência revigorou e o vale superei. És um mestre de honra, eminência! De amor profundo e compaixão transbordante. Guiou-me em outra rota de ora avante, de lugar desconhecido e selvagem. Pedi-lhe qual caminho seguir. “Por ouro vá para o Leste ou por poder ao Oeste, por saber e virtude ao Sul e por amor ao Norte.” Curvei-me humildemente diante do Mestre. “Agora, por teu prol, eu tenho o intento de levar-te comigo ao Norte.” O Mestre erguendo-me desapareceu e bradando do infinito declamou: “Outros ledos verás, que, em prova dura há de passar. Se lá subir quiseres, um ditoso espirito, melhor te serás guia. Pois o teu reino meu filho, és um reino glorioso.”