Amor impossível Com muito esforço... Maria Celça
Amor impossível
Com muito esforço venho tentando manter-me distante, obediente ao que impõem as circunstâncias. Mas há dias em que a insanidade se sobrepõe à razão e me faz sua, inteira, em declarações de amor que comoveriam a qualquer um, não fossem as artimanhas do destino que, muitas vezes, ocupa-se em nos afastar daqueles a quem amamos.
A sua existência é tormento para os meus dias. E a aflição que experimento, de não tê-lo em meus braços, mas sim de vê-lo perdendo-se, é uma sensação que eu não desejava sequer conhecer. É difícil ficar longe quando vislumbra-se o encontro.
Fantasio, nas construções dos meus castelos, a sua chegada: detida em seus braços, sentindo fervilhar o sangue, a pulsação acelerada, e o espírito invadido por um sentimento de extremo deleite, sinto o doce sabor da sua boca, num beijo longo, mas suave, que selará o nosso romance, na mais pura manifestação de amor e entrega. Ainda em devaneios, posso visualizar as chamas do nosso amor luzindo tudo ao redor, e o calor dos corpos amantes desfrutando, desvairadamente, cada parte um do outro.
Mas, dando-me uma sacudida, a realidade faz-me retornar do sonho, outra vez com o alerta de que é preciso fugir; o amor próprio está sentindo-se sufocar diante de tanta submissão. E, nesse instante, sou tomada por uma angústia, ao perceber quão remotas são as possibilidades.