Os bons tempos já era, o que resta... Natalhiê F.

Os bons tempos já era, o que resta agora é todas as sobras de antes, apenas… E lá estava eu, apenas exposta ao sol, deitada em um pouco de grama que tive a sorte de encontrar nessa grande cidade urbana, eu estava cansada, eu não havia feito nada, mas estava cansada… Eu nem mesmo pensava, eu apenas olhava para o alto em direção do céu, do pouco que se restou, e pude observar que seu azul ainda está intacto, alguma coisa ainda existe, o homem não conseguiu destruir tudo.

Eu apenas penso que antes devia ser um pouco melhor, digo antes de eu ter nascido, quando ainda se existia a boa música, e pessoas eram humanas, e não esses robôs influenciados por mídias idiotas. Seres pensantes, e não manipulados; eu realmente penso que antes as coisas deviam ser melhores, o mundo devia ser habitável. E talvez os verdadeiros sortudos tenham sido os homens primitivos, que mal sabiam que décadas, séculos, milênios depois, viriam pessoas da sua própria espécie, e fariam com que tudo que tornava o mundo habitável sumisse.

Eu atribuo toda essa tecnologia pela preguiça do homem, quer dizer, tudo é apenas para facilitar… Mas facilitaram tanto, que isso acabou dificultando tudo. Pessoas não são mais próximas. Riem letras, e não usam mais seus sorrisos. Não existe mais a troca do convívio, mas existe uma demandada troca de alguns emoticons por conversas onde a gramática é totalmente evitada, quando suas abreviações surgem, facilitando o que dificultará tudo logo após.

Hoje eu estava caminhando, eu precisava de ar puro, mas de repente eu me lembrei que ele não existe a muito tempo; então, desta forma fui obrigada a me lembrar que várias coisas que realmente são necessárias não existem mais… E o que se faz quando se precisa de algo que simplesmente não existe. Porque alguém um dia pensou em facilitar de algum modo a vida de alguém.

Eu andava, e com muita sorte eu conseguia achar um pouco do que restou daquele mundo antigo, pude ver algumas arvores, pude deitar na grama, e a melhor parte pude admirar a imensidão azul que ainda está lá, logo acima desses prédios tão imensos, luxuosos, e mesmo que sejam enormes diante de mim, não são nada perante a imensidão azul. Eu pude ver algumas coisas que não ando prestando atenção, não pude valorizar tanto, pois nasci na geração errada, nasci no meio de pessoas ignorantes que evitam de todas as formas o uso de seus cérebros enferrujados. Poder pensar e não fazer isso, é como poder voar, e apenas caminhar; simplesmente não faz sentido.

Logo quando acordei, não me sentia muito bem, mas não faz mal eu estar mal; aliás quem sempre esta bem? Na verdade seria desumano não nos permitir sentir mal ás vezes, precisamos desse sentimento algumas vezes; ele nos da uma chacoalhada, nos lembra de algumas coisas que devemos pensar ás vezes. Se sentir bem sempre, é viver oprimido. Existem bons dias, existem dias ruins… Existem ambos sentimentos, e enquanto fomos seres expostos ao risco de sentir, eu diria que ainda sentiremos tudo nesse mundo de mentira.