Refeito o texto, o texto refeito, nunca... Hilda Gomes Dutra Magalhães
Refeito o texto, o texto refeito, nunca o mesmo, jamais o mesmo, lembrança remota daquele que o escuro engoliu, que a Idade Média abafou, que o ecran apagou, um grande vácuo que a presença da lembrança exige preencher. Como reconstruir a emoção que se perdeu, se, depois de esvaziada e diluida na imensa tela azul, nada mais resta do que susto, fragmento e vácuo? Se a única coisa que realmente vale a pena é esse passo pleno que vejo, tingido de todas as cores, de todas as raças, de todas as pessoas, cruzando as ruas de Montparnasse?" (O último verão em Paris, 2000)